Retrospectiva do ano político


2009 está a terminar. É já um lugar comum os balanços de fim de ano. Neste blogue não podia faltar o resumo do que de melhor e pior aconteceu em 2009, sobretudo, na política nacional.

Num ano marcado por três actos eleitorais, o País foi às urnas e reafirmou, nas legislativas, a confiança em José Sócrates sem, no entanto, lhe conferir a maioria absoluta, dada em Março de 2005. Esperamos que apesar do voto de protesto sentido, o Primeiro-Ministro chegue até ao fim da legislatura. Será fundamental para a estabilidade do País.

Mas o ano começou negro para o líder do PS sendo, logo em Janeiro, assombrado duramente pelas notícias do caso «Freeport». Curiosamente foi também no primeiro mês do ano que Armando Vara, ainda na CGD, é promovido no banco estatal. Mal sabia o que viria ainda aí…

Em Fevereiro nasce um novo órgão de informação para dar cabo da governação: o TVI 24. Resta saber se a mossa ainda está para destruir, pelo menos Manuela Moura Guedes foi vencida. É também nesta altura que começam a aquecer os escândalos do caso BPN com as mentiras de Dias Loureiro a serem postas a nu. E enquanto Vara ascendia na Caixa, Pina Moura renunciava ao cargo de presidente não executivo do grupo Media Capital, que detém a TVI. Não se sabe com que missão ficou a partir daí, mas o cardeal parece ter adormecido…ou não!

Março foi o ano das manifestações que colocavam o Governo de Sócrates sob fogo! Marcharam pela Avenida mais de 100 mil pessoas, numa manif organizada pela CGTP, em defesa do emprego, salários e direitos laborais. Também os polícias bateram no ministro Rui Pereira que ainda hoje por cá se mantém.

Em Abril começava a «guerra» surda entre Belém e S. Bento: Sócrates começava o ataque e, nesse mês, dizia, em alto e bom som, em tom de política do recado, que Portugal «não precisa da política do bota abaixo e da crítica fácil».

Em Maio, os partidos começavam a delinear a estratégia para as europeias de Junho. Muita roupa suja havia de ser lavada nesse mês. Foi também em Maio que a ideia de um Bloco Central entre o PSD e o PS nas legislativas de Setembro começaria a ganhar força. O tempo provou, e bem, que tal era impossível.

Junho é o mês do PSD e da consagração da mais jovem esperança chamada Paulo Rangel. Chegou à Europa, viu e venceu, tendo dado a Manuela Ferreira Leite a única vitória dos três actos eleitorais realizados em 2009.

Foi no mês seguinte que Manuel Alegre, ao fim 34 anos de Parlamento, abandonou décadas de batalhas ideológicas e políticas. Ainda hoje fazes falta, Manel… É também em Julho que os famosos cornos do ex-ministro Manuel Pinho, na AR, ficam, para sempre, para a história deprimente da casa da democracia. Ainda bem que este já está fora… No último dia de Julho, Cavaco haveria de deixar todo um País a banhos e em suspenso…por causa… do Estatuto Político-Administrativo dos Açores. O ciclone…estava apenas no seu início.

Em Agosto, mês da tradicional «silly season», Cavaco não desarmava: vetava a Lei das Uniões de Facto. O clima de tensão entre Cavaco e Sócrates aumentava. E de que maneira. É também em tempo de Verão que os partidos começam a escolher os seus cabeças-de-lista para as legislativas. Manuela e Sócrates ardiam…de calor! Nesse grande mês de Agosto, as escutas em Belém, denunciadas pelos jornais, abriria uma guerra sem precedentes que levaria à demissão do homem de confiança de Cavaco: Fernando Lima. Até hoje, o caso não foi explicado e o povo, esse, continua o maior burro! Pensam eles…porque nós percebemos tudo!

Em Setembro, José Sócrates haveria de voltar a sorrir, após umas legislativas duras. Manuela, a grande esperança do PSD (e do cavaquismo) viria a ser derrotada e a deixar o PSD de novo preso e refém dos seus próprios erros.

Em Outubro, para além do mapa autárquico ter registado mexidas consideráveis, quase tudo ficou na mesma. Realce apenas para a expulsão de Fátima Felgueiras e Narciso Miranda das escolhas do povo. Quanto ao resto, quase tudo igual. Foi neste mês que Armando Vara veria a sua vida mudar num instante: tornar-se arguido no processo «Face Oculta». Entretanto, Sócrates formava Governo e prometia diálogo, em troca de um elenco governativo que agradava à esquerda.

Em Novembro, pouco ou nada o País viu. Por entre manchetes que enchiam os portugueses com o «Face Oculta», registamos por cá a comemoração dos 5 anos de Jerónimo à frente do PCP. O final do mês terminava com a Cimeira Ibero-Americana, marcada mais por questões sem importância do que por pontos interessantes para os 22 países presentes no Estoril. Brilhou mais a colombiana Shakira do que o programa distribuído aos jornalistas.

Dezembro foi o mês em que o PSD comemorou os 35 anos de vida e levou um belo presente de um dos fundadores. Pinto Balsemão deixou o aviso ao partido para que saia do «impasse» sob pena de se caminhar para um «suicídio colectivo».

O último mês de 2009 também fica registado na história por ter entrado em vigor o famigerado Tratado de Lisboa, para sempre associado à capital portuguesa. E por entre suspeitas e mais suspeitas no caso «Face Oculta», com a Justiça completamente embaraçada e com um poder político cada vez mais fraco, 2010 não promete ser melhor.

Esperamos que José Sócrates e o seu elenco nos conduza o melhor que sabe até ao fim, seja lá isso o que for. Quanto ao PSD, lá para Maio (se não for antes) esperamos que encontre um líder capaz de ser alternativa neste País que tanto precisa de gente nova, diferente e capaz de se mostrar à altura de tornar um Portugal de glória de tempos idos.

Bom ano a todos!


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