Separem o trigo do joio. Acuse-se depois.

Paula Teixeira da Cruz
Somos o país da cunha e do «tacho». Bem o sei. É um mal que é essencial erradicar. E para isso nada mais do que um concurso público. Mas também sabemos como funciona a esfera do poder. Em altos cargos da Nação, a confiança política é essencial. Gostemos ou não, temos de aceitar a realidade. E se há coisa que não gosto é de falar sem conhecimento de causa. A polémica em torno da irmã da ministra da Justiça que ocupou durante 23 dias – de 18 de Janeiro a 10 de Fevereiro – o cargo de sub-directora-geral do Ordenamento do Território, a mim cria-me urtigas. E das grandes. O factor das críticas na sociedade e dos instrumentos que tem ao seu dispor para destruir qualquer um – como é o caso das redes sociais – a par da comunicação social que mediatizou – e em parte bem – o caso, estragou tudo. O silêncio de Assunção Cristas fez o resto. Porque não é pelo facto de Manuela Teixeira da Cruz ser irmã de Paula Teixeira da Cruz que faz dela uma incompetente. Por acaso quem a critica, conhece as suas competências profissionais? Por acaso a imprensa que relatou o mero facto – grau de parentesco – foi saber se a senhora estaria ou não à altura do cargo? Arquitecta de formação, Maria Manuel Teixeira da Cruz é sócia gerente da empresa Maria Manuel von Hafe - Arquitectos, Lda e integra o atelier Oschoa Arquitectos, tendo também ocupado funções na Parque Expo. Entre Maio de 2005 e Janeiro de 2009 integrou os quadros da BaixaPombalina SRU, uma empresa municipal de Lisboa. Só por isto, acho que valeria a pena ter-se dado o benefício da dúvida. E já nem falo do ataque cerrado feito a Paula Teixeira da Cruz, quando não se sabe se houve uma cunha pelo meio. Pode ter havido. Pode não ter acontecido. E só deixo uma pergunta: quantos de nós não conhecemos famílias inteiras que trabalham em fábricas, em empresas, em negócios de pequena, média e grande dimensão? Quantos? Tudo isto para dizer que, no actual estado de coisas, é preciso separar o trigo do joio, e apontar o dedo acusador com provas concretas. Criticar por criticar até os meus sobrinhos, de seis e dois anos, criticam.E de forma mais sustentada.

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