Sá Carneiro - 33 anos sem a força das ideias.

Faz hoje 33 anos que o País o perdeu. O homem que queria cumprir o sonho «um Governo, uma maioria, um Presidente» morreu tragicamente a 4 de Dezembro de 1980 quando dirigia os destinos do país e a três dias de umas presidenciais que antecipavam a derrota do candidato apoiado por si [Soares Carneiro] contra Ramalho Eanes. Não sabíamos que rumo teria tido o País se o fundador do PPD tivesse sobrevivido. Seria talvez o país que hoje temos...ou não...A verdade é que a sua morte, tão súbita e precoce, condicionou a década de 80. Emergiram figuras que provavelmente não teriam tido o mesmo percurso. Cavaco Silva, por exemplo, teria feito o caminho que conhecemos? E fez falta o Sá Carneiro provocador, destemido, sem medos. Fez falta o homem que, ao contrário de Mário Soares, não gerava consensos, ainda que fosse o mais popular junto da população naquele tempo. Hoje olha para o país que deixou cedo demais certamente com lágrimas de sangue. Por estes tempos, as memórias que tenho [dos discursos políticos, dos comícios, dos livros que devorei] enchem-me a alma. Porque eu, no caso, necessito cada vez mais de voltar a olhar para a política como a descobri: com homens de carácter, com líderes que geram incógnitas mas igualmente com políticos de firmeza que espelham a Grécia Antiga da oratória e que me fascina até hoje. Faz hoje 33 anos que aconteceu um dos acidentes históricos ainda hoje envolto em muitas dúvidas e mistério. Acidente ou atentado, não importa, se querem que vos diga. Importa-me mais que ganhe força as ideias. As mesmas que, temo, se dissipem cada vez mais na espuma dos dias. 

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