Gaspar. Parte II.

O Gaspar económico que, no caso, mostra bem os números, mas também nos ajuda a pensar sobre eles. Em breve há outros lados de um Gaspar desconhecido de todos nós, cidadãos deste país que continua sem perceber quem foi esta figura que liderou durante dois anos as negociações com os credores internacionais. Mais: um Gaspar que conta, de forma simples, episódios que colocam em causa (e tanto) o aparelho «laranja». «…desde meados da década de 90, quando a perspectiva de participação na área do euro induziu uma descida muito acentuada das taxas de juro nominais e reais, Portugal acumulou desequilíbrios macroeconómicos e estragulamentos estruturais que penalizaram fortemente o seu desempenho económico. E foi justamente Olivier Blanchard, é verdade, quem melhor sintetizou esta análise quando disse: “A economia portuguesa está em situação difícil: o crescimento da produtividade é anémico. O crescimento é muito baixo. O défice orçamental é alto. O défice da balança de transacções correntes é muito elevado”. Era um facto. Desde o início da sua participação na área do euro, a economia portuguesa crescia debilmente. Ao mesmo tempo que nesse período ela beneficiava de condições de financiamento no exterior sem precedentes na sua história! O resultado foi um aumento do endividamento das famílias e das empresas enquanto o défice da balança de transacções correntes se fixou, de forma durável, em níveis da ordem dos dez por cento do PIB. Quanto à posição de investimento internacional ela agravou-se significativamente: passou de aproximadamente dez por cento em meados da década de 90 para cerca de 107 por cento do PIB em 2010! Também neste período a dívida externa bruta aumentou de 64 por cento para 230 por cento do PIB…». 'Vítor Gaspar', de Maria João Avillez, Página 208-209.

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