Marx e a luz depois das trevas.
«As classes trabalhadoras
continuam mergulhadas na pobreza, enquanto à sua volta a riqueza cresce. São
miseráveis no meio de tanto luxo». O pensamento de Marx deixa-me estarrecida se
pensarmos que a frase do filósofo alemão, autor de um dos maiores monstros da Economia
Política de todos os tempos [‘O Capital’], foi proferida a 18 de Julho de 1871 na entrevista que
concedeu a T.Landor, correspondente do The New York World, e que integra a
colecção do semanário Expresso dedicada às grandes entrevistas da História. E
foi neste verdadeiro documento histórico que descobri algo que não sabia. Algo que me faz compreender (melhor) o homem que marcou o pensamento político através de um movimento que havia de ficar eternamente para a História. No
dia do seu funeral, em Março de 1883, em pleno cemitério de Highgate [em
Londres], Engels leu o seguinte discurso: «No dia 14 de Março, às três menos um
quarto da tarde, deixou de pensar o maior pensador dos nossos tempos […]. Tal como
Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza organiza, Marx descobriu
a lei do desenvolvimento da História humana: o facto, tão simples, mas oculto
sob a mesquinhez ideológica, de o homem necessitar, em primeiro lugar, de
comida, de bebida, de um tecto sobre a cabeça e de roupa para cobrir o corpo,
antes de poder fazer Política, Ciência, Arte ou Religião […]. A descoberta
desta mais-valia lançou de imediato luz sobre estes problemas, enquanto todas
as investigações anteriores, tanto dos economistas burgueses como dos críticos
socialistas, tinham vagueado nas trevas». Arrepiante.
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