Um Novembro de 2014 negro para a História de Portugal.


O dia 24 de Novembro fica para a história como o dia da «condenação» de José Sócrates. Falo da condenação popular (mais penosa que a da Justiça, que ainda nem acusação deduziu). Desconhecem-se os fundamentos da decisão do juiz Carlos Alexandre que decretou prisão preventiva para o ex-primeiro-ministro, indiciado por corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Pois então, pelo impacto que o caso comporta, que se levante o segredo de justiça. Só assim, Justiça, arguidos e portugueses podem estar em pé de igualdade para compreender este desfecho. A política portuguesa conheceu ontem à noite um caminho diferente. A partir de hoje o sistema, os partidos, todos nós e o futuro entrou numa nova Era. Uma Era que irá começar de um zero. Um zero estranho. Um zero incerto. Um zero para o qual olhamos todos com total desconfiança. O tempo mostrará se a Justiça conseguirá levar até ao fim os graves indícios em causa. Como cidadã há um vazio que me invade. Acredito que muitos cidadãos sentirão o mesmo. A democracia onde nasci, onde cresci e onde me fiz gente não me dá esperança. Já era mínima. Veremos se conseguiremos vencer a luta contra o desencanto geral a que nos conduziram. Sobre o impacto político e social de ter um antigo primeiro-ministro em prisão preventiva e indiciado por crimes tão graves havemos de ter tempo para falar.

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