Carta de Natal a todos vós.


Esta é uma carta de Natal. Os destinatários são vocês, ouvintes da Antena Livre, e em particular, os abrantinos, gente do meu sangue, povo do meu Berço. Mas esta é também uma carta destinada aos restantes, à minha Família, aos meus amigos, aos meus colegas e a todos aqueles que ouvirem estas palavras e que têm na esperança a maior força de combate. No tempo que agora passa chegam-nos as mensagens de sempre, os votos renovados de um Natal em Paz e de um Ano Novo mais próspero que aquele que agora termina. Em parte é também o que esta carta vos leva. Mas quero desejar-vos tudo isso de outro modo. Portugal vive uma crise económica sem precedentes para muitas gerações, sobretudo as mais novas, que nunca tinham vivido Tempos tão difíceis. Todos nós somos testemunhas ou intervenientes em vários dramas sociais que nos contam na televisão à hora do Telejornal. Houve um tempo em que pensávamos que a realidade de hoje só acontecia aos outros. Sim, ainda não nos tinha batido à porta. Mas bateu. E de formas tão diferentes e dolorosas. Neste tempo, e nesta carta, quero pedir-vos a todos que acreditem. Acreditem em vós, naqueles que vos são especiais, e quem sabe até naqueles que não conhecem e estão distantes, noutros lados do Mundo, noutros países, noutros lugares só deles. O Mundo, contou-me a minha mãe há muitos anos, não é Justo. E nunca será. Foi sempre com base nessa premissa que me orientei, que trilhei caminho, que, mal ou bem, cheguei aqui, mantendo-me viva e à tona. E se o Mundo nunca será Justo teremos de ser nós, em cada uma das nossas Vidas, a tornar a nossa Existência um pouco menos dolorosa.
É aqui que a minha carta se centra. Há quem acredite no Destino. E há aqueles que acreditam que o Destino é traçado por nós. Pois eu não acredito que uma e outra, em separado, sejam possíveis. Acredito antes que a luta por aquilo que somos e por aquilo que queremos é a base do tal Destino. Não somos donos do nosso caminho. Se o fôssemos a teoria de que o Mundo é injusto não faria sentido. Por tudo isto quero que neste Tempo Natalício, de balanços e recomeços, cada um de vós pense que é a esperança que move montanhas, ainda que elas passem por nós uma Vida Inteira e sejam intransponíveis. A coragem de o fazer é uma batalha ganha. Sem isso somos nadas neste País que, tantas e tantas vezes, pensa que é tudo. Um Feliz Natal a todos e não se esqueçam de serem felizes, sempre em partilha. A todos os profissionais e colaboradores da Antena Livre desejo igualmente um Natal de esperança. Porque esta é também ela uma Rádio com muita esperança, no presente mas essencialmente no Futuro. 

*Crónica de 22 de Dezembro, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.

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