A «incapacidade de revolta» do povo português.




Sempre gostei da frontalidade de João Botelho. Um pouco excessiva, por vezes, mas igualmente necessária. Também sou fã de alguns dos seus filmes que, fazem dele, um dos melhores que temos. Esta quinta-feira dá uma entrevista à Lusa e mostra-se como só ele sabe. Grita aquilo que muitos de nós, meros anónimos, também pensamos: «tanto no passado como hoje, os portugueses são passivos, (…) pensar é um crime (em Portugal). Não há elites em Portugal, não há pessoas que arrastem os outros. Na Alemanha queriam inaugurar [uma nova sede] do Banco [Central] Europeu e partiram aquilo tudo. Em Portugal, ninguém se mexe, está tudo a ver 'O Preço Certo'. Esse tipo de coisa mantém-se, essa passividade portuguesa, essa incapacidade de revolta. Os miúdos hoje estão todos anestesiados, não lutam. Eu andei a partir coisas quando era novo». Com todo o respeito por ‘O Preço Certo’, ora aqui estão verdades que partilho na íntegra. Doem? Doem. Mas haja alguém que as solte à rédea solta. João Botelho deixou-nos ainda uma excelente notícia: o seu próximo filme, que deverá estrear dentro de dois anos, chama-se ‘Peregrinação’. Essa mesmo que estão a pensar, do nosso génio Fernão Mendes Pinto. A cultura (que ainda resiste) nacional agradece.

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