A pele da Justiça à tona.
Na mesma semana em que fecham dois jornais [e
sobre este assunto ainda hei-de voltar a escrever], há uma televisão, a que
chamam CMTV, que divulga imagens de um interrogatório judicial no Ministério
Público (MP) a um ex-ministro [Miguel Macedo, ex-MAI], arguido no no âmbito do
processo Vistos Gold. Os dois casos em nada têm que ver, bem sei, mas representam uma realidade quase diária na forma como informam os públicos neste país nos últimos anos. Que dizer quando
chegamos a este ponto? No caso do vídeo divulgado, e por mais críticas que se
possam fazer ao tipo de “jornalismo” que se faz na casa CM, há unicamente um
culpado: chama-se MP. E a Justiça, que se diz tão vítima, muitas vezes, da
bisbilhotice jornalística, neste caso, só pode queixar-se de si mesma. Porque, que nós
saibamos, nenhum jornalista do CM roubou o vídeo ou assaltou o departamento
do MP em causa para aceder, de forma indevida, ao vídeo. Só é pena que não haja
consequências para quem – há um rosto e um nome – fez o impensável. Um episódio
digno de Terceiro Mundo e que coloca à tona a pele da Justiça portuguesa. E para os
que argumentam que o processo dos Vistos Gold já
não se encontra em segredo de justiça, a divulgação deste vídeo ou qualquer gravação em áudio é proibida
por lei e punida por crime de desobediência. Todavia, como em tanta coisa neste país, há ações que jamais têm as devidas consequências.
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