O caminho de Costa.






Os recortes foram retirados do Expresso online, apenas e só num dia. O Governo de esquerda, que neste momento comanda os destinos do país quer tudo. Reverter concessões de transportes públicos, a privatização da TAP, aumentar salários e pensões, oferecer dívida em jeito de certificados de aforro, em vez de carros topo de gama, acabar com o banco de fomento que nunca chegou a sair do papel, aumentar o salário mínimo, etc., etc., etc. Percebemos que faça parte da sua matriz muitos dos conceitos que pretende implementar. Obviamente que num mundo ideal e sustentável, concordaríamos com tudo isto e muito mais. Até concordamos nalgumas medidas – como os certificados de aforro e o salário mínimo (tão baixo ainda e indigno). Contudo, o que mais temo, assumo, é que se entre de novo numa espiral de despesa pública e descontrolo. Não sou adepta da austeridade, pelo contrário, sou e sempre serei alguém que defende que o Estado social deve ser dos pontos mais fortes de um País. Mas de forma sustentável, não austera. É com ele que os menos protegidos, os que mais precisam do Estado, têm de contar. Contudo, este foi e é um país desigual, em que o Estado nunca separou águas, e nunca beneficiou como devia quem precisa, e não taxou quem mais tem. Baralhando e voltando a dar, em tudo isto, lamento apenas e só que, no caso da TAP, António Costa fale como se a privatização não tivesse acontecido, com algum desrespeito até pelos novos donos. Não poderá valer apenas a vontade ideológica, embora seja respeitável. No caso da transportadora aérea sempre fui clara: deve um Estado continuar a pedir aos seus contribuintes que financiem uma empresa que é um autêntico buraco de prejuízo há muitos anos? Não, não deve. Seria melhor que a TAP fosse pública em termos estratégicos? Sim, seria. Mas o ideal não é compatível com a pobreza do país e os recursos que não temos para gastar. E, em comparação, dou o caso da ANA – Aeroportos de Portugal. Como mau exemplo de privatização. Falamos de uma empresa pública, sã, com lucro, sustentável, e, mesmo assim, foi vendida aos franceses da VINCI. As privatizações, esquecendo o seu lado ideológico, podem e devem acontecer se as empresas forem um custo para os contribuintes. E pagamo-las nos impostos – seja de serviços seja de rendimentos. Tirando a Educação, a Saúde, a Justiça e a Defesa, sou completamente open mind em relação a privatizar-se tudo aquilo que dá despesa. Porque um país como o nosso não pode continuar a dar-se ao luxo de manter setores estratégicos e a pagá-los só porque sim. Lamento mas não pode. Sob pena de o tal Estado social – onde realmente as pessoas deviam contam – ser aquilo que é: injusto, desigual e longe do desejável. Veremos o que Costa conseguirá, onde irá buscar o dinheiro para compensar os lados da manta destapada. Mas se o conseguir, é um feito. São mais as minhas dúvidas do que as certezas. E ainda bem. Porque o tempo será o melhor conselheiro para o escrutínio governativo.

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