Na silly 2016 chegou a primeira (grande) vitória política de António Costa


Começa hoje o período áureo da chamada silly season de verão. O mês de agosto é o clássico tempo do vazio no país, com o Algarve à pinha, os emigrantes a animarem as vilas e aldeias do interior e onde as notícias sãomais uma miragem do querealidade propriamente dita. Contudo, parece cada vez mais, que a velha frase que dita que a tradição já não é o que era,se confirma. Este verão de 2016 tem sido escaldante, não só ao nível das temperaturas como na arena política. Desde as sanções a Portugal que culminaram na semana passada com um misto de vazio pela provocação criada a partir de Bruxelas, passando pela campanha presidencial americana, e acabando no terror que tem povoado a Europa, podemos mesmo dizer que a silly do costume já não é o que era. Nesta silly já bem diferente de outros tempos há vitórias políticas que se inscrevem na história. A do Governo, e em particular, de António Costa, no que respeita às sanções a Portugal por défice excessivo, é uma delas. O primeiro-ministro fez o que lhe competia, ao contrário do que muitos por aí profetizaram. António Costa vence uma das mais importantes batalhas desde que chegou a São Bento, e que influencia claramente a próxima guerra política chamada Orçamento do próximo ano. Mostrou que a oposição, que ainda não conseguiu sarar as feridas das últimas legislativas, continua à deriva com um PSD e um Pedro Passos Coelho a produzirem meros sound bites de circunstância. Já no Largo do Caldas, Assunção Cristas vai revelando quão fraca é e como é difícil suceder ao animal feroz chamado Paulo Portas. O próximo teste à séria, o factual, o credível e não fabricado pela comunicação social, chama-se Orçamento do Estado para 2017. Aí se jogará o futuro do atual Governo. Aí se verá até onde as esquerdas unidas resistirão. E se forem inteligentes, como o têm provado até aqui, há sérias probabilidades de a coisa correr bem. A estagnação do consumo interno, a desaceleração das exportações, a débil condição das empresas e o terrível problema da banca portuguesa são o lado negro da balança de António Costa. E ele sabe-o. Que saiba também antecipar a cura para as consequências que estão a provocar na economia, que morre a cada década por falta de medidas estruturais. Seja como for, António Costa pode ir de férias descansado. O país precisa e ele também.


*Crónica de 1 de agosto de 2016, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.

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