Autárquicas 2017: a falta de alternativa e o teste às lideranças à direita

Em ano de eleições autárquicas vemos por cá o reflexo daquilo a que chegou a política portuguesa e os nossos políticos em 2017.



Num tempo em que a esquerda governa o País é a direita quem anda à deriva, vemos por aí a incapacidade de aprovar nomes de peso candidatos às autarquias mais emblemáticas do país e onde é imperativo vencer.

Para PSD e CDS, nas autárquicas de 2017 poderá estar mais em jogo do que a mera conquista de câmaras, as lideranças atuais vão claramente também ser testadas.

Se Passos Coelho tem uma grande dor de cabeça em Lisboa, Assunção Cristas, que optou por dar a cara pela capital, terá obrigatoriamente de ter um resultado decente, sob pena de ser varrida não só em Lisboa como no partido.

Pedro Passos Coelho, que podia vincar de forma capaz a Oposição ao PS, tem andado mal assessorado, com posições incongruentes que afetam, e de que maneira, o posicionamento ideológico do partido.

Alvo constante de críticas internas pela forma como está a conduzir a oposição ao Governo, Passos Coelho tem, contudo, tentado vincar a diferença entre autárquicas e legislativas, recusando leituras nacionais e uma ligação direta dos resultados nas eleições locais com a sua liderança.

Assim seria a lógica, mas sabemos bem que tanto a imprensa como o eleitorado farão leituras nacionais dos resultados nas autárquicas.

Já o PS, que está com boa nota nas sondagens, ajudado em muito pelo Presidente superstar Marcelo, anda ainda em busca dos nomes certos para os mandatos municipais.

Seja como for, as autárquicas 2017 poderão ditar o reforço ou a fragilidade das lideranças atuais. Como sempre, quem é Oposição tem mais a perder do que quem governa, apesar de o passado nos ter ensinado que um resultado desastroso tem o poder de derrubar governos.

Na verdade o que mais aflige é a qualidade dos candidatos que vão sendo oficializados. Portugal continua ainda com um défice de renovação política, onde continuam a liderar dinossauros dos anos 70 e 80 do século XX.

E a verdade é só uma: enquanto a renovação política não acontecer, continuaremos sempre, enquanto eleitores e cidadãos, a olhar com desconfiança para as alternativas.

Até lá vamos vendo à nossa porta as obras a acelerarem, os projetos a despacharem e os discursos políticos afinados.

Por um voto se ganha por outro se perde. E a velha máxima em Política continua ainda a mover os seus líderes.


*Crónica de 6 de Fevereiro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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