G20: um bloco de interesses individuais

A Cimeira dos G20, que reuniu nos últimos dias, em Hamburgo, na Alemanha, os países mais ricos do mundo, continua a revelar-se um vazio, um ponto de encontro de caminhos opostos, entre potências que, conscientemente, não se esforçam nem para consensos nem para tornar o mundo mais justo.



Seja pelas relações entre a Rússia e os Estados Unidos, seja pelas relações turbulentas que se criaram entre a Alemanha e a Turquia ou pelo relacionamento menos amigo que hoje é o eixo União Europeia-administração Trump.

Teresa de Sousa resumiu bem, este domingo, num artigo no jornal público aquilo em que se transformou esta cimeira: deixava a pergunta no ar, G20 ou G0? E se não é um zero mais que se parece com isso mesmo.

Para o bem e para o mal, os Estados Unidos continuam a ser a única superpotência mundial determinante para a ordem ou a desordem do mundo.

E nesta matéria, pese embora o facto de todos os países do G20 voltarem a mostrar união em torno do Acordo do Clima de Paris, a verdade é que Trump mantém a divisão, reforçando que continuará de fora do combate global.

Some-se a tudo isto, o confronto económico latente e história ente os blocos China, Estados Unidos e União Europeia e começa a esfumar-se a ideia de que os G20 são, apenas e só, um bloco de interesses individuais.

Cada vez mais o encontro serve apenas para gerir forças entre os seus membros do que para criar pontes e estreitar laços democráticos e civilizacionais.

Essa fragilidade é atualmente mais acentuada pelos diversos muros que Donald Trump está a construir. A América de Trump irá com ele caminhar mais sozinha, mais isolada, mais proteccionista e mais egoísta à luz dos direitos universais. E é isto que torna tudo mais assustador.

*Crónica de 10 de julho de 2017 na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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