Rui Moreira: uma (des)ilusão inesperada
Estamos em
ano de autárquicas. E, por este país fora, vão sendo apresentadas as
candidaturas dos partidos às eleições de outubro.
Ao mesmo
tempo, olhando à minha volta, e à parca amostra do meu círculo profissional e
pessoal, constato que os portugueses não querem saber nada, ou quase nada, das
propostas que a classe política vai apresentando para cada município.
Em Lisboa,
por exemplo, outdoors e cartazes à boa moda antiga nem vê-los. Aqui e ali encontramos
um ou outro, quase a medo. Mas se formos para o Interior, o cenário é o mesmo.
O festim de
meses a fio de outros tempos, em que avenidas, ruas e rotundas se enchiam de
papel e esvaziavam os cofres públicos das ajudas às campanhas parece ter mudado
muito. Pelo menos até agora, a três meses da ida às urnas.
Serve o
tema, que por estes dias também não interessa à classe jornalística, exceção
feita aos nomes maiores nas grandes cidades, para falar de Rui Moreira.
O atual
presidente da Câmara do Porto apresentou este fim de semana a sua recandidatura
à presidência da segunda maior autarquia do país. E, pese embora as suas
mais-valias enquanto político independente, na verdade Rui Moreira tem-se
revelado uma desilusão aos meus olhos, que estou de fora e não sou eleitora do
seu município.
As guerras
que comprou com o PS, a sua cada vez mais expressiva arrogância ancorada na
bandeira de independente e a forma como este sábado anunciou, sem surpresas,
que se recandidata, é revelador da exaustão que já acusa.
Foi uma
desoladora apresentação centrando o seu discurso no ataque a adversários e
entrando nas guerras que ele próprio diz combater e no velho discurso de luta
contra o centralismo de Lisboa.
Novidades, esperança e promessas para os
eleitores, a quem pede um voto de confiança, pouco ou quase nada.
É, pois muito
diferente este Rui Moreira daquele que há uns anos se apresentava como o
símbolo da verdadeira independência e do combate ao populismo na classe
política.
Talvez
esteja enganada, mas o charme de quem vem com ideias novas, o sangue novo que
prometeu ao Porto e a sua independência já não são o que eram. Tem a sorte de o
turismo na região representar, nos últimos anos, um sucesso inigualável, e que
muito se deve ao que as entidades do setor a norte têm feito.
Seja como
for, espero estar redondamente enganada porque o Porto merece alguém que o
lidere com muita firmeza e rectidão.
Crónica de 3 de julho de 2017, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
Comentários