Scorpions: um casamento selado com o n.º 23



Esta é uma história de amor. Com Portugal. Para a maioria das pessoas que ler este texto, soará ao famigerado lado “azeiteiro” que tantos apregoam. Para a autora deste blogue é, desde há 20 anos, uma filosofia de vida. Do convento do Beato - quando gravaram o Acoustica, em 2001 - até aos infinitos palcos da capital portuguesa, passando por uma mítica arena de Madrid em 2006, são muitos os rochedos inscritos na estória que se conta por este blogue há muitos anos. Esta quarta-feira, em Oeiras, não foi o capítulo final, foi apenas mais um parágrafo de um livro inacabado. 

Texto e Fotos: Ana Clara 

Pois de azeite só tenho a dizer que o é pelo afamado nome pelo qual também é conhecido o produto brilhante, e esse, tem uma definição bem clara, que desemboca numa expressão  conhecida de todos: o "ouro líquido".

Esta história de amor entre Portugal e os Scorpions já conta muitas teias de aranha, mas, uma das mais consagradas bandas de sempre da segunda metade do século XX - goste-se ou não -, inscreveram na lista o nr. 23.


Sim, esta quarta-feira, 11 de julho, foi a 23.ª vez que a banda alemã atuou em Portugal. A minha foi a 15.ª. E isso diz muito de mim. Ou apenas o suficiente. 

Em 50 anos de palcos, os Scorpions, de Klaus Meine, Matthias Jabs e Rudolf Schenker, são, pese embora o peso dos anos, uma chama de rock. Puro rock e as baladas pelas quais muitos, na década de 80, se agarraram. Mesmo velhinhos, há muita experiência natural, que apenas está ao nível dos bons, escorreitos e profissionais.


O famigerado “The Zoo” brilha sempre neste casamento perfeito, de décadas, com o público português. Tal como o momento acústico das tão desejadas baladas “Send Me an Angel”, “Eye of the Storm” e “Wind of Change”.

“Blackout”, “Big City Nights”, “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane” foram os já esperados e sempre amados temas de uma banda que será sempre um marco na minha vida, uma permanente "suspeita" de um "costume" dos bons. 


A banda que se juntou pela primeira vez, em 1965, tem na longevidade e, consequentemente, na idade, a sua maior força.


Nos últimos quatro anos não têm falhado nenhum em Portugal: março de 2014 (Lisboa), junho de 2016 (Lisboa), julho de 2017 (Porto) e julho de 2018 (Oeiras).



Se muito se discutiu, no seio da própria banda, o seu final do grupo na última década, e muitos de nós tem dúvidas se não deviam encontrar o merecido descanso, a verdade é que os 50 anos de carreira vieram relançar a vitalidade que os caracteriza.

Klaus Meine aguentou muito e de forma estóica mas começa a ser demasiado evidente – e natural - a fragilidade, vocal e física do vocalista. Rudolf Schenker e Matthias Jabs ajudam, e muito, em momentos enérgicos ao longo de todos os concertos.


É difícil para mim falar deles. Eu, que nasci em 1981, nem devia, pela lógica, ser herdeira de um produto musical que não me pertence por legado geracional.

Mas não quis assim a minha vida. Nem o destino que a atravessou até hoje. E aos 36 anos, com 15 concertos na bagagem, e mesmo a soprar as 70 velas de Klaus, continuam irrepreensíveis na execução, na escolha dos alinhamentos, sejam mais roqueiros ou evidenciem as eternas baladas.



Continuam a não faltar acrobacias de puro rock com as guitarras afinadas e as famosas declarações de amor de Klaus Meine ao público português, um dos que mais lhes deu neste meio século de rock.

A legião de fãs portuguesa, essa, será eterna, mas mais certo que isso, é que, com os velhinhos Scorpions, o rock'n'roll será sempre imparável.



Em 2011, neste blogue preconizava a tão indesejável Rota do Adeus antes de um concerto enérgico em Lisboa. Em 2018, e na noite amena desta quarta-feira, saí de Oeiras, com a sensação plena de que foi, na verdade, o meu último encontro com os magníficos de Hannover.  Não é um adeus, é, apenas e só, um até sempre!


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