O nacionalismo e populismo chegou para ficar!



O mundo em que vivemos avança tão freneticamente que, todos os dias, acontecem mil e uma coisas, e não damos por isso.

Foi o que me aconteceu nos últimos dias, ao receber notificação de uma notícia no telemóvel. Podia ser mais uma entre muitas, podia. Mas não era. Era algo muito preocupante.

Falo do clube político que acaba de nascer na Europa que pretende unir movimentos populistas e nacionalistas, e que quer fazer caminho já nas próximas eleições europeias.

Assumidamente anti-União Europeia e anti-imigração, este movimento que aspira criar um grupo político no Parlamento Europeu, é lançado por um membro da ultra-direita norte-americana, arquiteto da campanha de Donald Trump, e um outro advogado e político belga.

O mundo é, a cada dia que passa, um lugar cada vez mais perigoso, e o mais preocupante é quando esse perigo chega, de forma cinzenta, ao campo das ideias e da coesão de pensamento.

O “The Movement”, assim que se chama este movimento, olha para a União Europeia como um bloco não-democrático, acha-se no direito de dizer quem é cidadão europeu e quem não é, e vê a imigração com um dos maiores males do mundo.

Quer criar uma federação de nacionalistas de todo o mundo, desde a extrema-direita francesa de Marine Le Pen, a Bolsonaro no Brasil, à extrema-direita italiana.

Por cá, onde a linha da escolha editorial é subjetiva, pouco ou nada se ouviu falar deste perigoso movimento. Já sabemos há muito que os nacionalismos e os discursos populistas crescem como ervas daninhas. Os resultados aí estão, nas urnas de todo o mundo, há muito tempo, desde a Europa às Américas.

Resta saber se a desilusão dos povos e dos eleitores continuarão a ser atraídos pelas vozes bruscas que por aí vão crescendo.

As democracias têm, mais do que nunca, um dos seus maiores desafios: mudar o seu comportamento, lutar contra discursos de ódio e segregação, contrários às liberdades e garantias dos povos democráticos.

Talvez fosse hora de, por razões históricas diferentes, gritarmos todos: “povos de todo o mundo, uni-vos! Contra a xenofobia, os radicalismos e os populismos que colocam o ser humano na linha mais baixa da dignidade humana!

Os sinais estão todos aí. Basta ouvi-los ou, simplesmente, fingir que estamos surdos. A escolha é, apenas e só, nossa.

*Crónica desta segunda-feira, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR

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