Eles vivem no meio de nós


Matar. Sem escrúpulos. Sem arrependimento. Movidos por impulsos que jamais sabemos de onde chegam e em que ponto foram construídos. Outros saberão. Outros, ainda, clinicamente o descobrirão por nós. 

Fazem-no em qualquer circunstância, com maior expressão dentro da estrutura familiar.

A violência - doméstica ou fora do lar - está a ganhar terreno de uma forma assustadora na sociedade portuguesa. 

Janeiro de 2019 é já um mês negro que se junta às estatísticas tenebrosas com as quais o Estado se revela incapaz de lidar.

Autoridades e sistema judicial estão limitados na proteção das vítimas que, às mãos dos agressores, acabam, na maioria das vezes, mortas.

Como podemos aceitar que a punição só chega com o fim trágico do bem maior que temos: a vida humana.

Como podemos permitir que pessoas desequilibradas, incapazes de aceitar a normalidade, doentes - porque muitos deles acabam nessa condição - andem por aqui, ao nosso lado, na rua, nos cafés, nos transportes, em toda a parte onde a vida devia apenas e só ser celebrada?

Eles, é certo, vivem no meio de nós, e sem sabermos, estamos a ser o vício que eles tanto precisam para gritar toda a ira em que vivem. 

Pais, mães, filhos, avós, netos, tios, amigos, conhecidos. Pode ser qualquer um e a todo o momento o próximo. O pior de tudo? O silêncio e o medo das vítimas. 

Temos de enfrentar, todos, sociedade e sistema, de uma vez por todas, esta podridão que afeta famílias inteiras, que traumatiza gerações atrás de gerações.

Basta não chega! É preciso que todos nós, à nossa medida, façamos um pouco que seja, para travar o mal. Um mal que não pode ser nunca, em nenhuma circunstância, desculpado.

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