Novo Banco e Pedrógão: a revolta coletiva
Já não é a primeira vez que falamos sobre o Novo Banco e
Pedrógão Grande.
Voltamos esta semana a estes dois casos pelas piores razões
e pelo elo comum que as liga ao Estado português e ao dinheiro dos seus contribuintes.
Comecemos pelo Novo Banco, que vai pedir mais uma injeção de
capital de 1100 milhões de euros ao Fundo de Resolução. Destes, 850 milhões serão
pedidos ao Estado.
Depois de tudo o que se passou com a queda do BES, do
dinheiro público injetado, dos discursos do ministro das Finanças garantindo
que não, nem mais um cêntimo dos cofres do Estado sairia para pagar a fatura que
Ricardo Salgado nos deixou, eis que mais uma vez todos nós, contribuintes,
somos chamados a pagar o fantasma do BES. Já o prevíamos, só é pena que ao povo
não cheguem os mesmos milhões para os ajudar a sobreviver.
É aqui que entra Pedrógão Grande e as chocantes notícias de
abuso de poder que pela fustigada região há muito andam à solta. Pela mão de
autarcas irresponsáveis e entidades incapazes de gerir as doações dos
portugueses para a tragédia de 2017, temos um cenário criminoso de ausência
total de fiscalização do Estado.
As vítimas que sobreviveram tiveram como resposta uma mão
cheia de nada.
Muitos continuam à espera de uma ajuda que os ampare,
enquanto armazéns cheios de bens doados estão fechados a sete chaves e no que
toca à ajuda à reconstrução de casas, primeiro estão os amigos e fora da lista
ficou o desgraçado povo que a nada se pode agarrar.
Estes são dois casos tenebrosos de revolta coletiva. Nos
entretantos, temos um Presidente que apenas se importa em ser rock star e um primeiro-ministro que
assobia para o lado.
Em 2019, a qualidade da classe política está à vista. Digna
de terceiro mundo e de crimes a céu aberto sem crime nem castigo.
*Crónica de 4 de março, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.
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