Pedrógão Grande: as vítimas e os sobreviventes precisam de paz
Passam hoje
dois anos sobre a tragédia de Pedrógão Grande.
O dia 17 de
junho será sempre uma data de triste memória. Naquele fatídico dia, o incêndio
que começou em Pedrógão, alastrou-se a Figueiró dos Vinhos, Castanheira de
Pera, Penela, Pampilhosa da Serra e Sertã.
Pelo caminho
havia de ceifar 66 vidas, deixando 200 pessoas feridas e prejuízos de centenas
de milhões de euros. Ao todo, este dramático incêndio afetou mais de 500
habitações.
Desde então,
o país tem assistido a tristes cenas relacionadas com a reconstrução das casas
e com os apoios aos que perderam tudo.
Favorecimentos
a quem afinal não tinha direito ao apoio, irregularidades e compadrios de
autarcas, e um Estado que, passados dois anos, devia ter implementado no
terreno uma verdadeira reforma florestal. O pior de tudo é que por estes dias os eucaliptos voltaram ao
território, desordenadamente como é costume, e a antever o medo de que o
Inferno se volte a repetir.
A tudo isto
se resume a triste história do incêndio de 2017. Pelo meio, vidas perdidas, famílias
destruídas e a paz que não chega.
Este é um
país que não merece o Estado que tem. Um Estado que lhes faltou quando mais
precisaram.
Um Estado
que continua a falhar no mais básico e essencial da vida das pessoas.
Neste dia,
em que recordamos os que perderam a vida, esta crónica é dedicada aos mortos,
mas também aos sobreviventes, que merecem, mais do que tudo, estancar
a ferida e ganhar a paz possível e que tanto merecem.
*Crónica de 17 de junho de 2019, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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