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Platonismo Político é um espaço onde impera a Política, mas não esquecemos a Atualidade e a Opinião. Porque o Mundo não é visto da mesma forma por todos. E por aqui somos gente, de carne e osso, que analisa e pensa o País e o Mundo!
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Portugalidade: Santa Marta de Penaguião, o Douro como companhia
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Há muito socialismo: a gente sabe,
e quem mais goste de uns que dos outros.
É tarde já para tratar do caso: agora/ importa uma só coisa - defender/ uma revolução que ainda não houve,/ como as conquistas que chegou a haver/ (mas ajustando-as francamente à lei/ de uma equidade justa, rechaçando/ o quanto de loucuras se incitaram/ em nome de um poder que ninguém tinha).
E vamos ao que importa: refazer
um Portugal possível em que o povo
realmente mande sem que o só manejem,/ e sem que a escravidão volte à socapa/ entre a delícia de pagar uma hipoteca/ da casa nunca nossa e o prazer/ de ter um frigorífico e automóveis dois.
Ah, povo, povo, quanto te enganaram
sonhando os sonhos que
desaprenderas!
E quanto te assustaram uns e outros,
com esses sonhos e com o medo deles!
E vós, políticos de ouro de lei ou borra,/ guardai no bolso imagens de outras Franças,/ ou de Germânias, Rússias, Cubas, outras Chinas,
ou de Estados Unidos que não crêem
que latinada hispânica mereça
mais que caudilhos com contas na Suíça.
Tomai nas vossas mãos o Portugal que tendes/ tão dividido entre si mesmo. Adiante.
Com tacto e com fineza. E com esperança.
E com um perdão que há que pedir ao povo.
E vós, ó militares, para o quartel
(sem que, no entanto, vos deixeis purgar
ao ponto de não serdes o que deveis ser:/ garantes de uma ordem democrática/ em que a direita não consiga nunca/ ditar uma ordem sem democracia).
E tu, canção-mensagem, vai e diz
o que disseste a quem quiser ouvir-te.
E se os puristas da poesia te acusarem/ de seres discursiva e não galante/ em graças de invenção e de linguagem,/ manda-os àquela parte.
Não é tempo para tratar de poéticas agora.'
[Jorge de Sena, Fevereiro 1976]
Não podia deixar de citar este poema que ilustra a frustração de muitos que lutaram pelo 25 de Abril, pelo um país livre, democrático, que pós a dita liberdade se sentiram perdidos, não foi este Portugal que eles queriam!
Viva Abril! E as grandes pessoas que durante anos lutaram por este dia, os anónimos, aqueles que não chegaram a 74!
E apesar do discurso um pouco pessimista acredito que existe Abril e apesar de irem fechando algumas portas, e o caminho que se assemelha é terrível, lembro-me de outro grande senhor que disse: '(...) agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!' [Ary dos Santos]
[Wow! Que comentário enorme e extenso!]