Educação. Avaliação viciada.


A guerra instalada entre Ministério da Educação e sindicatos repete-se em cada Governo, em cada ministro e em cada ano que passa. Nos últimos dias, a indignação dos professores tem subido de tom, nomeadamente, no que respeita à famigerada prova de avaliação, em que quase 35% dos 2490 docentes inscritos reprovaram. Ontem ouvia o ministro Nuno Crato dizer que  «não faz sentido que um professor dê 20 erros ortográficos numa frase». Não sei se o ministro dava um exemplo de uma prova concreta. Seja como for, é inadmissível que profissionais com a responsabilidade que têm os professores no futuro de um país, não reúnam critérios mínimos de qualidade. Não espero que um professor de Português saiba cálculo matemático ou se lembre de Trigonometria (coisa chata, aliás, e que me traz más memórias). Mas espera-se que qualquer professor, que leccione que disciplina for, saiba escrever, não dê erros ortográficos e tenha um nível de cultura geral acima da média. Enquanto cidadã é o que eu espero. E acho que qualquer pai e mãe também. Bem sei que o desmantelamento da Educação, da escola pública e da qualidade tem sido colocada em causa pelo poder político, não só nos últimos anos como nas últimas década e é transversal a todos os Governos. E sei também que há alguma razão no sindicalismo vigente. Todavia, quando exercemos uma profissão, e gostamos do que fazemos, e estamos à vontade para tal, há razão para ter medo da avaliação? Não, não há. Errar é humano. E ninguém sabe tudo nem nunca saberá. O problema é que os critérios de avaliação estipulados pela tutela estão feridos de morte, porque não visam a qualidade mas sim um objectivo obscuro de despedir baseando-se na tal prova. E quando os princípios, de ambas as partes, estão viciados à partida, quem perde sabemos todos quem é. E é isso que é lamentável. Não aprendem. 

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