Scorpions: uma carta de amor que se escreve há mais de 20 anos

Foto: Ana Clara. Oeiras, Julho de 2018. 

Esta é uma crónica especial. Para mim que, pela primeira vez, em tantos anos de Antena Livre, nunca falei de música neste espaço de opinião.

Pois que música é sinónimo de rádio e, por isso mesmo, nessa perspetiva, sei que ficamos todos em casa.

Esta quarta-feira, 26 de junho, no Meo Arena, em Lisboa, os Scorpions darão o seu 24.º concerto em Portugal [Crazy World Tour 2019]

Os ouvintes perguntar-se-ão neste momento, pois que raio interessa o facto.

Em 50 anos de carreira e, num momento que muitos preconizam o fim de uma das bandas míticas do rock das últimas décadas, eu, fã incondicional, aqui e agora me confesso.

Esta será a minha 17.ª vez. Uma loucura, dirão muitos, um privilégio para mim, reajo eu.

Ainda não tinha atingido a maioridade quando os vi pela primeira vez.

Quando nasci, ali no início dos anos 80, estavam eles no auge de uma carreira que, goste-se ou odeie-se, havia de ser de sucesso. As influências da sua sonoridade haviam de chegar ainda antes dos 12 anos, fruto de um tempo irrepetível aqui em Abrantes.

A banda que se juntou em 1965, tem na longevidade e, consequentemente, na idade, a sua maior força. É nisso que acredito sempre que, nos últimos anos, os enfrento nos palcos mágicos onde desfilam sucessos antigos e nostálgicos.

Esta é, pois, mais uma carta de amor a uma banda que atravessou gerações e que marcou indiscutivelmente a minha vida.

Uma banda que vendeu milhões de discos, somou prémios e distinções décadas a fio, e que encheu, no último meio século, alinhamentos de muitas rádios mundo fora. Por este concelho também não foi exceção, nomeadamente nesta antena e na Rádio Tágide.

Os Scorpions encontraram a fórmula mágica entre um rock'n'roll de invulgar energia e as baladas melódicas. Mas acima de tudo chegaram também onde chegaram pelas mensagens e composições políticas, culturais e sociais do seu tempo. Entre muitos exemplos, deixo o clássico Wind of Change o verdeiro hino que simbolizou o fim da Guerra Fria, e escrito dois meses antes da queda do Muro de Berlim.

A banda alemã regressa, pois, a Portugal numa espécie de ode triunfal a um público ao qual os magníficos de Hannover reconheceram e foram gratos. Aqui eles sabem que estão em casa.

E eu, sei-o bem, e sem vergonha o assumo, lá estarei, esta quarta-feira, de novo, na primeira fila, nas lágrimas do costume e a construir mais uma carta de amor inacabada e que se escreve há mais de 20 anos.

Até para a semana e não se esqueçam: procurem os sonhos e a felicidade onde ela mais vos libertar.

Porque a vida, sem liberdade de pensar, escolher e ser, não é, de todo, a vida que todos merecemos. 

*Crónica de 24 de junho, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.

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