Nacionalizar Portugal e em força!


Não gosto de criticar gratuitamente. Nunca gostei e, conscientemente, tento não o fazer. Mas num país, que tem tanto de grande como de pequenino, há coisas com as quais não conseguimos lidar.

Desde que me lembro de ser gente, e antes de mim até, Portugal tem assistido a formas muito estranhas do poder político em lidar com a falência de organizações, sobretudo as públicas ou com capitais públicos.

No meio de uma crise sem precedentes, assistimos a duas nacionalizações de enfiada, com contornos distintos. São públicas, já foram analisadas até à exaustão na última semana. Falo da TAP e da EFACEC.


Não vou falar dos contornos de cada caso, até porque todos os conhecemos. Quero simplesmente, enquanto cidadã e contribuinte, perguntar ao Governo do meu país o seguinte: até quando o Estado continuará a ser o guardião dos sorvedouros de dinheiros públicos? Por que razão têm de continuar os portugueses a pagar uma fatura que não lhes pertence? Será justo um país inteiro, que vive do suor do seu trabalho, tantas vezes mal pago, ter de pagar a má gestão daqueles em quem o Estado confiou? E porque continuamos a não deixar cair empresas maiores do que a dimensão do país, ao mesmo tempo que tantas outras, aos milhares, que pagam os seus impostos com tantos sacrifícios e sustentam o emprego, não são tidas nem ajudadas por Governos e Estado?

Podia ficar aqui um dia inteiro a fazer perguntas ao meu país. Mas sei que enquanto continuarmos todos a pagar Novos Bancos, Banif’s, Tap’s, Efacec’s e tantos outros buracos sem fundo, não teremos um país justo para com os seus cidadãos.

A gestão danosa e a delapidação dos dinheiros e empresas públicas em Portugal devia ter mão pesada. O problema é que o poder e as relações de dependência que o cincundam serão sempre mais fortes. E beneficiarão sempre, mas sempre, os mais fortes.

Até lá, não se delapida só a vergonha ou a falta dela, não se destrói apenas a seriedade, atira-se forte a cada português.

Cada tiro dado é um grito de revolta. Porque nenhum Governo até hoje teve coragem de enfrentar gananciosos, criminosos de colarinho branco, malfeitores, os mesmos que se alimentam de dinheiro alheio para satisfazer as suas ganâncias.

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Crónica de 6 de Julho na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.

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