Escolher os factos não pode ser um calvário
A decisão da Meta, dona do Facebook e Instagram, de acabar com o programa de verificação de factos nos Estados Unidos é o começo de um calvário que há muito começou no que à verdade no mundo das redes sociais diz respeito.
Estamos a falar de uma decisão que não só abre a porta à desinformação generalizada como mata a verdade e aumenta a pressão sobre uma comunicação social já fragilizada, além de corroer ainda mais a confiança do público nas redes sociais e nos meios de comunicação social.
O revoltante de tudo isto é que a Meta diz, de forma hipócrita, que esta decisão pretende "permitir mais discurso" nas suas plataformas, diminuindo as restrições em tópicos como imigração e género. E é sob esta capa de alegado pluralismo que temos uma abertura a tudo o que quisermos imaginar num terreno global fértil em extremismos, incentivo ao ódio e fake news sem fim.
Entramos num caminho perigoso e o que estão a oferecer-nos é um terreno de areias movediças onde iremos todos atolar-nos sem capacidade de defesa.
A liberdade de expressão, argumento em que a Meta se segura, é apenas e só uma muleta vergonhosa, que configura um ataque ao direito à verdade e à liberdade de imprensa. Por muito imperfeito que seja o chamado fact-checking, baseia-se no princípio de que há factos que podem ser verificados. E isso é essencial. Algo que agora fica sob uma enorme e perigosa ameaça global.
A Europa tem tempo para se impor, já que por agora, a medida vai vigorar apenas nos Estados Unidos. Mas é bom que se apresse, porque se nada fizermos, está em causa a democracia, as liberdades e o direito à verdade a que todos temos direito!
Podcast/Opinião de 13 de janeiro de 2025, na Antena Livre. OUVIR.
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