Silencio-me perante ti, amigo Torcato!


A maior homenagem que se pode fazer a um amigo e camarada no momento em que ele nos deixa é, por vezes, remetermo-nos ao silêncio. Sobre o Torcato as palavras tornam-se infinitas e sempre com sabor a pouco. E porque a escrita era a fuga brilhante de quem sabia como ninguém transformá-la em sabedoria, pouco mais há a dizer. Por isso, na hora da despedida de um homem e jornalista como poucos neste País lhe seguem o exemplo, há vazio, tristeza e nostalgia. Todos os que tiveram o privilégio de passar pela vida do Torcato retiraram certamente uma de muitas lições de vida. Do homem, jornalista e amigo com uma cultura literária infinita e que se tornou um dos grandes libertários da «velha guarda» resta-nos, agora, guardá-lo para sempre em nós e tomarmos sempre que possível o exemplo que nos deixou.
Tomo, neste momento de tristeza, a liberdade de citar o editorial de hoje de José Manuel Fernandes, no Público, e que retrata bem o «nosso» Torcato: «O que dói é esta sensação de que somos devedores de alguém como o Torcato e que nunca lhe dissemos isso suficiente alto. Ou sequer baixo. (…) No meio de tantos amigos — e de uma enorme multidão de cumplicidades e afectos — o Torcato era um homem só. Não encaixava bem em lado nenhum. E também apreciava a solidão, mesmo quando esta o angustiava e levava a querer fugir da realidade (…) Já quase não há jornalistas assim. Tal como rareiam amigos verdadeiros como só são os que nos dizem sempre tudo, na euforia ou na fúria. Homens tão inteiros como excessivos. Era assim o Torcato».

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