Há jornalismo de causas, não jornalismo de opiniões

Sócrates e Câncio

Fernanda Câncio, jornalista do DN, escreve hoje, em artigo de opinião, — http://dn.sapo.pt/2008/08/01/opiniao/o_jornalismo_jpp.html — naquele jornal, uma crónica curiosa. Em todo o artigo critica Pacheco Pereira de fio a pavio. Tudo, por algumas OPINIÕES tecidas pelo comentador numa entrevista publicada no DN, domingo passado. A crítica mais feroz da jornalista prende-se com as afirmações de Pacheco quando este admite existir «uma cruzada declarada contra José Sócrates» no PÚBLICO. Entre a exposição de algumas das causas de Pacheco — Manuela Ferreira Leite — e dos alvos — Governo e Primeiro-Ministro — contra os quais o historiador se move, não só nos jornais onde escreve como no seu blogue, Abrupto», a verdade é que o que fica do artigo de Fernanda não são apenas as críticas a Pacheco nem o espanto por não ter havido «desmentidos nem respostas» do director do PÚBLICO e muito menos reacções do Conselho de Redacção daquele jornal. É muito mais que isso. É uma defesa pública da honra do Primeiro-Ministro. Está no seu direito.
Mas cara Fernanda, se Pacheco não faz juz ao «jornalismo de causas» que ele tanto advoga, certamente que muitos jornalistas há que também, certamente, não exercem jornalismo de causas em artigos de opinião. A opinião é livre. A entrevista também o é e Pacheco tem direito a ter a sua. Tal como ele defende Manuela, Fernanda Câncio faz hoje de advogada de defesa do Primeiro-Ministro e do Governo nas mesmas páginas do DN. Cada um defende a causa que quer. Se Pacheco é um homem que assume a sua cor e proximidade política, Fernanda também sabe que o País tem conhecimento da sua relação pessoal com José Sócrates. Não há cá jornalismo de causas metido ao barulho. Há apenas opiniões. E que eu saiba todos nós temos direito a ter a nossa. Fernanda e Pacheco também! Há jornalismo de causas sim, mas de opiniões não conheço!

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