Bloco Central


Muito se tem falado do eventual Bloco Central que pode vir a ser criado após as legislativas deste ano. A verdade é que, na actual conjuntura política, e com os protagonistas que temos para lideral esse Bloco, muito dificilmente tal acordo poderá vir a ser viável.
Por um lado, José Sócrates e Manuela Ferreira Leite correspondem, em teoria e na prática, a dois mundos ideológicos diferentes. Para a líder do PSD este ponto é muito mais vital do que para o secretário-geral do PS. Sócrates virou ao centro, com políticas adaptadas aos tempos difíceis e à própria globalização. Fez bem. A continuar agarrado à ideologia do PS, sem adaptação prática, jamais poderia lidar com os problemas económicos de forma mais fácil. Porém, isso teve custos políticos. A verdadeira esquerda do PS foi sacrificada à custa dessa via política.
Porém, Manuela, aproveitou muito bem essa falha socrática. As medidas sociais do Governo são ténues. Poucos ou nenhuns efeitos se conhecem. E, a par da insistência em relação às PME’s, bem como dos temas fracturantes, como os casamentos homossexuais, e, num outro plano, os investimentos públicos megalómanos em tempo de crise profunda, Manuela nunca virá a aceitar um Bloco Central com José Sócrates. A líder «laranja» é, no actual tempo, muito mais uma líder ideológica do que Sócrates.
Há, todavia, um outro factor perturbador em relação a este assunto: Cavaco. O Presidente da República tem lançado ainda mais a confusão, defendendo a convergência de todas as forças políticas no sentido de resolver os problemas estruturais do País para que a saída da crise seja mais célere. Só que Cavaco não quer um Bloco Central entre Sócrates e Ferreira Leite. Cavaco está, por estes tempos, a rezar a todos os santinhos de Belém para que Sócrates perca as eleições e o PSD volte ao poder. O Chefe de Estado sabe muito bem que o melhor contexto para a reeleição e para um segundo mandato à sua maneira só será possível sem Sócrates. E, no fundo, histórica e politicamente, seria interessante ver o PSD em Belém e S. Bento. Só que, provavelmente, isso está longe de acontecer.

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