Sócrates: o rosto do fracasso da governação PS



Decidi escrever sobre a entrevista do Primeiro-Ministro, ontem, na RTP, mais tarde. A experiência ensina-nos a aprender que opinar, a quente, sem pensar no que foi dito, leva-nos, muitas vezes, a cair em lugares comuns.

José Sócrates perdeu a grande oportunidade de se explicar e ser frontal com o País nesta fase de pré-campanha que já está na estrada. O Chefe do Governo pôs a nu o fracasso da sua governação ante uma entrevistadora submissa e fraca que tirou da cartola uma estúpida última pergunta, digna de uma televisão venezuelana.

Judite de Sousa preferiu ir pelo caminho mais fácil. Sócrates agradeceu. As perguntas foram as do costume. As respostas? As mesmas, e as de sempre. Défice. Finanças Públicas, reformas estruturais e não cosméticas, competitividade, endividamento externo, como relançar a economia, debilitada por uma crise global, emprego e investimento em I&D foram temas ignorados. Bem sabemos que o povo detesta a linguagem técnica e política da coisa mas, a verdade, é que já não interessam os ataques aos corporativismos, muito menos se o PSD está mais à direita do CDS ou o que pensa Sócrates do lugar fútil de homem sexy. O País merecia saber como explica o Primeiro-Ministro, que teve condições únicas de governação, os números do desemprego (em 9,2 por cento), bem mais elevado que em 2005, por que razão Portugal cresce tão pouco, onde se perderam 150 mil empregos que, bem sabemos, o Estado não cria, e como vivem hoje os dois milhões de pobres que existem no País. E já agora, porque estamos mais endividados nos organismos estatais, porque cresce a dívida pública e quem vai pagar as pensões daqui a 30 anos com uma Segurança Social que já nem se vê, tão grande é a cratera onde se encontra. Parece que o País está louco. E patético. As redes sociais, a nova moda nacional, abundavam ontem de opiniões sem glória, de comentários a fait divers desta entrevista. Enquanto não discutirmos o miolo e deixarmos a côdea, continuaremos a ser quem somos: um País que, ao fim de 9 séculos de História, ainda não aprendeu os caminhos para se reerguer e tornar-se num império sustentável.

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