«Liberdade de imprensa»



«Portugal teima em saltar de uma crise para outra, da financeira para económica, da social para a política, num processo autofágico que não poderá ter senão um final infeliz, para todos. (...) As pressões sobre jornais e jornalistas por parte do poder político e do poder económico sempre existiram, não são de hoje, não nasceram com José Sócrates, e vão continuar quando o actual primeiro-ministro deixar as suas funções. E os exemplos, na história recente de Portugal, são vários e em diversos órgãos de comunicação social. Cabe, por isso, aos jornais e jornalistas, aos órgãos de comunicação social salvaguardarem a sua independência, isto é, a autonomia para seguirem a linha editorial que entenderem por decisão própria e sem interferências e ingerências externas.
Ora, José Sócrates tem, objectivamente, razões de queixa da comunicação social. Foi, é, o primeiro-ministro mais atacado e mais pressionado pelos media - às vezes por responsabilidade própria, por actos e omissões - mas esse é um risco que vem agarrado à função que desempenha. Tem de existir uma avaliação pública dos actos dos governos, de todos, e é sempre preferível um erro com liberdade de imprensa a qualquer forma de censura. A forma como o primeiro-ministro geriu, ao longo de mais de cinco anos, essa relação foi, é, também única. Sócrates tem agora, pelas piores razões, isto é, a divulgação de escutas, uma boa oportunidade para esclarecer de uma vez por todas o seu posicionamento em relação à comunicação social, sob pena de ficar para a história pelo que quis fazer e não pelo que fez».
António Costa. Diário Económico.

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