Em Mafra esperam-se «laranjas» pouco azedas e nada podres
Mafra acolhe este fim-de-semana o conclave laranja. No dia em que, alegadamente, começa o congresso extraordinário - já que ele pode apenas durar um dia - o Expresso publica uma sondagem que dita que Passos Coelho «é o melhor» para chegar à cadeira do poder na S. Caetano à Lapa.
O PSD prepara-se para eleger o seu 18.º líder - o mesmo número que PS, CDS e PCP tiveram juntos no que toca a líderes partidários. O País não vai estar nem aí. A campanha interna nem se nota. Até quando vamos ver um partido como este a caminhar para o «suicídio» como profetizou o militante n.º1 e fundador do partido, Pinto Balsemão? Não sabemos. Mas muito não há-de faltar. De registar o fim de um ciclo no PSD com a saída de Manuela Ferreira Leite. Apesar da coragem que demonstrou em ter de levar os estilhaços às costas no último ano - com três actos eleitorais - a «dama de ferro» não conseguiu atingir os objectivos a que se propôs. E a sua estadia na cadeira do poder social-democrata também serviu para provar que impera uma renovação geracional que os partidos em Portugal - e não apenas o PSD - não estão a conseguir fazer. Será Passos o Coelho da salvação? A ver. Mas, este fim-de-semana, de Mafra, nenhuma surpresa virá, já que discutir alterações estatutárias é coisa que o povo não quer saber. E nem sabe o que isso é.
Nota Histórica - o mandato de Manuela Ferreira Leite na liderança do PSD ficou marcado pela denúncia do clima de «asfixia democrática» do país e pelas violentas críticas às grandes obras públicas, como o TGV e o aeroporto. Ferreira Leite trouxe ainda para o debate o problema do endividamento externo, condenou a política espectáculo e prometeu romper com a estratégia económica seguida pelos adversários socialistas. Em quase dois anos de mandato, a primeira mulher na liderança do PSD enfrentou três eleições e defendeu a política «da verdade». Recorde-se que o PSD já teve 17 líderes desde 1974, tantos quantos tiveram PS, CDS E PCP juntos.
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