A traição política serve-se bem gelada...


Entrevistei duas vezes na vida Augusto Santos Silva. E admito: já gostei  mais dele. Sobretudo quando era ministro da Educação e da Cultura de Guterres. Com o passar dos anos, o homem humilde do Porto transformou-se num arrogante de primeira. Ontem, na TVI 24, o actual ministro da Defesa apresentou, em primeira mão, o seu livro «Os valores da Esquerda Democrática». Na obra, Santos Silva, da ala esquerda do PS, explica a distinção entre a esquerda democrática e revolucionária e assume claramente que o candidato presidencial do PS, Manuel Alegre não pertence a esta última.
«Se o Manuel Alegre tivesse feito uma opção pela esquerda revolucionária não seria membro do PS. Pelo contrário, o PS e a democracia muito devem a Manuel Alegre», disse, acrescentando que a esquerda democrática é aquela que encara a democracia não como «um mero instrumento, mas sim um fim em si mesmo».Só gostava de saber quem é Santos Silva para se achar detentor de tais lições de moralidade. Sobretudo, a Manuel Alegre. A traição, em política, serve-se gelada. Alegre que o diga.

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