Há 36 anos o fascismo não passou

"Foi há 36 anos! 28 de Setembro de 1974. O País vivia os conturbados tempos do PREC (Processo Revolucionário em Curso). A confusão era generalizada. O MFA (Movimento das Forças Armadas) era contestado por muitos. Para esse dia estava anunciada uma manifestação de apoio ao General Spínola..., então Presidente da República, promovida por uma designada «Maioria Silenciosa», composta por elementos conservadores da sociedade portuguesa e apoiantes do regime deposto cinco meses antes, que não se conformavam com o rumo que que a «Revolução» estava a tomar. Nesse dia, as forças de esquerda e de extrema-esquerda, sob a clara liderança do PCP, apelaram ao boicote da «manifestação fascista». Foram montadas barricadas um pouco por todo o País, com destaque para as entradas em Lisboa. O COPCON, comandado por Otelo Saraiva de Carvalho, preparou um plano que visava a prisão de muitos elementos ligados à organização da «manif». Civis armados com armas que lhes haviam sido distribuídas por militares esquerdistas, revistavam tudo e todos. A tensão era generalizada. E a verdade é que a manifestação não se realizou. Quatro dias depois, Spínola demitia-se. O País tinha virado mais à esquerda. A caminho da radicalização. Como se veio a comprovar no dia 11 de Março do ano seguinte. A guerra civil esteve por um fio. A «Revolução de Abril» começava a ser desvirtuada. Tudo isto parece ter sido num tempo longínquo. Mas foi apenas há 36 anos. É bom recordar este episódio num momento particularmente difícil da nossa História, sobretudo quando com insistência se vai falando da eventualidade de virmos a assistir a graves convulsões sociais. Naquele dia o «fascismo» não passou. Mais tarde o «fascismo soviético» também não passaria!".

João Naia. Jornalista. FB.

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