Balanço de 2010


É um clássico. O final do ano traz sempre a fatídica fase da memória de 365 dias passados. Portugal não viveu o melhor dos anos em 2010. A crise é a eleita deste balanço que «Platonismo Político» elege como os acontecimentos que marcaram este ano que esta semana finda. E o início de 2010 não começou bem. A 20 de Fevereiro a tragédia abateu-se sobre a Madeira, com uma intempérie que deixou 500 pessoas sem tecto. O primeiro semestre de 2010 trouxe aquilo que viria a ser a antecipação das várias medidas de austeridade que viriam a ser incorporadas nos Planos de Estabilidade e Crescimento: sucessivos aumentos de impostos, mais desemprego, corte de salários e nos apoios sociais viriam a ser uma realidade nos últimos seis meses do ano. 2010 foi também marcado pela ascensão de Pedro Passos Coelho à liderança do maior partido da oposição. O PSD retalhado pela anterior liderança de Manuela Ferreira Leite escolhia um homem que há muito sonhava com o trono da S. Caetano à Lapa. Mas o menino da JSD em outros tempos prometia mudança, mas defraudou logo nos primeiros meses o eleitorado social-democrata, aceitando dançar o «tango» (de curta duração) com José Sócrates. Este foi também o ano da maior greve de sempre que juntou, 20 anos depois, as duas maiores centrais sindicais. UGT e CGTP união, com a força de todos os sindicatos de todas as classes profissionais, contra aquilo a que chamam o «fim do Estado de Direito» que o PS e José Sócrates iniciaram. Mas este foi também o ano em que pela primeira vez e ao fim de décadas de luta passou a ser possível, pessoas do mesmo sexo contraírem matrimónio. O Presidente Cavaco, católico e contra a proposta do Governo, promulgou o diploma, cumprindo o sentido de Estado que o cargo assim o dita. Em Setembro o País assistia, em directo, e como nunca se viu, à sentença do ano: o processo ‘Casa Pia’ chegava ao fim (por enquanto), com a condenação de todos os arguidos, à excepção de Gertrudes Nunes, a proprietária da Casa de Elvas. Por tudo o que se passou, ficamos todos com a sensação de que muita Justiça ficou por fazer.
No meio da crise, para acalmar o coração dos católicos, Bento XVI protagonizou uma das visitas mais marcantes do ano. Em Fátima, em Lisboa e no Porto, o Sumo Pontífice foi acarinhado por milhares de peregrinos que buscaram em Bento XVI a esperança que por cá é rara. 2010 foi também o ano de África. Pela primeira vez, o continente negro recebeu o campeonato do mundo de futebol. Por todo o planeta o cheiro de África, os sons e a multiculturalidade encheu-nos de sorrisos. Portugal não se portou bem, já a Espanha levou para casa o troféu conseguindo assim a tão desejada dobradinha. Mas 2010 foi também o ano da consagração daquilo a que eu chamo do eventual perigo do século XXI: as redes sociais. O Facebook ilustra bem o fenómeno virtual das relações e da forma fácil em como o perigo está à espreita: 500 milhões de pessoas em todo o mundo já não o dispensam. O futuro dirá que consequências daqui resultarão. No final do ano dois acontecimentos a marcar o Mundo: a Cimeira da Nato em Lisboa, com a nata da política mundial a poisar na capital, numa das maiores operações de segurança alguma vez vistas em Portugal. Mas nessa mesma altura começava a surgir a bomba do final do ano: a WikiLeaks mostrava a todos que a diplomacia mundial não consegue guardar os segredos de espionagem dos seus governos e Estados. Veremos até onde vai a missão de Julian Assange. Para 2011, veremos o que o final do ano, com a campanha presidencial nos guarda, diga-se a campanha mais pobre – na forma e no conteúdo – dos últimos anos. O vencedor está, à partida, escolhido. Ainda assim, tememos que a grande vencedora seja a abstenção, com valores nunca antes registados em Portugal. 2011 não será fácil. Todos o sabemos. Ainda assim, «Platonismo Político» faz votos para que todos vós consigam realizar, com sucesso e êxito, todos os vossos sonhos. Lutar é a missão. e esperança também. Bom ano para todos. 

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