«Eles comem tudo e não deixam nada»

Sempre me perguntei a mim própria porque são os portugueses tão serenos a reagir a crises económicas e a desfalques do Estado. O ano de 2010 foi um bom exemplo disso, e ainda que o país tenha saído à rua em modo de protesto, a verdade é que a crise foi-se instalando e apanhando os portugueses de surpresa. Primeiro é a estupefacção e a inacção ditadas pelo medo instaurado por um passado recente sem democracia, depois é a «explosão», que rebentará espontaneamente ou por contágio europeu. Quem o afirma são os sociólogos António Barreto e Boaventura Sousa Santos, que justificam a aparente calma da sociedade portuguesa, num contexto de agravamento de crise e de escalada de violência em manifestações pela Europa, com falta de tradição organizativa e excessiva dependência do Estado. Já não há espírito de Abril que venha para a rua. Tristemente. Enquanto isso, «eles comem tudo e não deixam nada».

Comentários

Moscatelroxo disse…
" « Eles comem tudo e não deixam nada » "!
Tristemente estes novos vampiros, são muito mais sanguinários, do que aqueles a que se referia o grande Zeca Afonso, o homem livre e desalinhado, o poeta, o cantor, o andarilho militante da utopia...
Volta Zeca e em força..., necessitamos de debate político, de consciência social e económica, que o país está demasiado amorfo, tudo à espera que sejam os outros, a tomar as iniciativas e a tentar encontrar soluções, capazes de travar estes ataques vampirescos, que vêm aos bandos e poisam em todo o lado...

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