Cavaco versus Alegre

«O Dr. Manuel Alegre acusou-me 50 vezes de destruir o Estado social. O mesmo se passa quando me atacou em relação ao estatuto da promulgação». Foi desta forma que Cavaco iniciou o debate com o principal adversário e candidato da esquerda. Alegre sabia quais os pontos baixos onde ir: começou por colar Cavaco às posições mais conservadoras, dizendo que promulgou com incómodo leis que representaram «progressos civilizacionais» como a do aborto, do divórcio ou da paridade. É um facto que aqui Cavaco não tem muito por onde se defender, porque actuou como Presidente e não como político. E era, pois claro, uma inevitabilidade. Mas ao contrário do que Alegre pensou, atacar o actual Chefe de Estado no que respeita ao Estado social foi um erro. O Presidente Cavaco está, tal como o poeta, muito perto do Estado social. E , ironia do destino, ambos defendem que o Governo está a fazer o seu papel no que toca ao esforço orçamental. O resultado está traçado, e os debates não mudam em nada o veredicto popular. A abstenção, essa, vai ser a rainha da noite de 23 de Janeiro.  

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