Calaram-se as vozes e os gritos, que venha o silêncio por um dia!


Foi num Coliseu em chamas - quase - que Cavaco subiu ao palco do Coliseu dos Recreios. Enquanto Alegre dizia no Porto que «não é refém de ninguém» e que a direita «quer o poder todo» e quer realizar o velho sonho de «um Governo, uma maioria, um Presidente», Cavaco avisava em Lisboa que «nada está decidido». O apoio da direita estava ali, na primeira fila: Marques Mendes, Manuela Ferreira Leite, Freitas do Amaral, Ramalho Eanes, Marques Guedes, Leonor Beleza, Campos e Cunha, Nuno Magalhães, e tantos tanto outros. «Apelo ao vosso empenho junto da família e junto dos amigos, digam-lhes que não podem ficar indiferentes, votem e escolham aquele que pensam estar mais bem preparado para estes tempos difíceis», deixou, em tom de aviso. Depois de muita emoção, de um Cavaco despido de tudo, como nunca o vimos, foi no meio do povo, que saiu quase em ombros do Coliseu. Agora, vem o dia de reflexão e o silêncio até domingo às sete da tarde. Acabaram-se as bandeiras. Acabaram-se os gritos. Findaram as vozes de uma campanha que soou a pouco. «Tenho três horas de viagem pelo caminho. Com o frio que está, às duas da manhã em Castelo Branco estarão temperaturas negativas», dizia-me José, apoiante convicto de Cavaco, com quem falámos às oito da noite. Já cansado e sem voz, temos caminhos opostos, à saída do Coliseu, mas José ainda guardou mais umas cordas para me chamar e dizer: «menina, não se esqueça de ir votar, mesmo que não seja em Cavaco». A resposta foi o «adeus» final, em forma de sorriso. Domingo, o País que decida quem quer para Belém.

P.S. - Cavaco guardou para o último dia de campanha a velha teoria dos 10 anos em S. Bento. Disse que os jornalistas  receberam «encomendas» dos seus opositores para divulgarem notícias que o prejudicariam durante a campanha. Há vícios que não se perdem.


Texto e Fotos: Ana Clara

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