Mensagem endereçada ao sr. Primeiro-Ministro


Cais do Sodré, Lisboa. Nove da manhã. Uma acção promocional de uma marca conhecida de manteiga. Distribuía como oferta pães com manteiga. A fila era comprida. Não, não eram uns brindes quaisquer. Era pão com manteiga, apenas. Acho que isto revela bem o sentido do estômago dos portugueses, consequência do sentido da carteira. Então, sr. Primeiro-Ministro, isto não é crise? É. É crise de fome, o efeito que há muito em Portugal se sente e vê nas ruas. Mas isso o senhor não sabe porque apesar de apelar ao uso dos transportes públicos (com subidas nas tarifas de mais de 80 por cento) anda de carro topo de gama. O senhor não sabe porque não anda a pé em Lisboa. O senhor não sabe porque no conforto do seu gabinete, no conforto do seu automóvel ou do avião, comida e bebida é coisa que não falta. E, certamente, na sua carteira não há trocos, há notas e das grandes. A esquerda moderna, bandeira da sua campanha eleitoral no PS, em 2004 (não me esqueço, porque estive lá), é isto? Bela esquerda moderna temos nós em Portugal.

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