Oleia-se a máquina de Cavaco no Coliseu dos Recreios
Coliseu dos Recreios. Oito da noite. Lisboa. Na rua o movimento ainda é pouco. Bandeiras ainda não voam. À entrada apenas os jornalistas se passeiam agitados. Diz-nos fonte da direcção de campanha que o candidato só há-de discursar às 22h30. A esta hora descansa, por entre meias horas, mais de 15 dias depois de se ter feito à estrada. Aqui e ali ouvem-se sussurros em relação aos adversários: «o Alegre está em má posição». Em dia de todas as sondagens, Cavaco está confortável e só um vendaval o impedirá de reganhar Belém mais cinco anos. Os sorrisos dos apoiantes e simpatizantes que vão compondo o Coliseu dos Recreios mostram isso mesmo. Vamos vendo também algumas das caras conhecidas que apoiam Cavaco Silva. José Miguel Júdice é um dos que avisto e meto conversa. Descrédito no poder político mas esperançado de que o país tem solução, acredita em Cavaco para «ajudar a segurar o barco» ainda que, confessa, já «esteja cansado» das tradicionais sessões de encerramento. Na verdade, campanhas à moda antiga já não existem. Hoje, as redes sociais, a comunicação tecnológica e a forma como os políticos chegam ao eleitorado, mudou. «Nem as arruadas são iguais», desabafa José, 78 anos, que veio de Castelo Branco, terreno socrático, para apoiar Cavaco. Para já ainda há cadeiras vazias. No palco ensaia-se o hino nacional e o hino de Cavaco, um inédito feito especialmente para a campanha de 2001. As bandeiras agitam-se nesses momentos e as gargantas afinam-se. Até lá Simone de Oliveira e José Carlos Malato (apoiantes de Cavaco) animam a multidão até às dez e meia da noite. Na primeira fila já está outra das caras conhecidas que sempre estiveram ao lado de Aníbal (o actor Ruy de Carvalho). Mais duas horas e o candidato há-de chegar. Depois da festa, Platonismo Político há-de voltar para contar a história do fim de campanha. Veremos se ainda há resquícios de sessões de encerramento à moda antiga.
Reportagem e Fotos: Ana Clara
Comentários