Foi a 6 de Janeiro de 1973 que o Expresso saiu, pela primeira vez, para as bancas. Na próxima edição comemora as 2000 mil edições. Parabéns pelo feito. Continua a ser o melhor exemplo de jornalismo que se faz em Portugal.
É claro que sou suspeito mas eu acho que o Expresso já não existe: existiu sim e com muita força durante boa parte dos 19 anos em que conheci - e demasiado bem - o Expresso por dentro! Era o tempo do Vicente Jorge Silva, foram os 15 anos, o número 1000, os 20 anos, os 25 anos, o nº 1500... e o Expresso começou a desaparecer è medida que iam trocando a velha guarda por recém (ambiciosos) chegados que tinham - e têm - os meios, mas não tinham - não têm - a tarimba!
O afastamento de Joaquim Vieira de nº 2 do jornal - talvez o melhor jornalista nos últimos anos em Portugal - em 1993 por ele se ter negado a omitir factos numa notícia sobre o então recém-chegado a Portugal Joe Berardo, foi o primeiro indício da falta de isenção do Expresso e da interferência da administração na redacção, nomeadamente depois com a nomeação da nova e alargada direcção: José António Lima, que tinha vindo dos desks, Henrique Monteiro e Fernando Madrinha, idos do DN, e Nicolau Santos, por imposição de Pinto Balsemão, deram o mote para uma direcção que se manteria muitos anos mas que amoleceu deixando que se cometesse o maior erro de sempre no grupo de Balsemão: deixar o jornal sair de Lisboa para os subúrbios dos subúrbios e para o meio de uma amálgama de revistas e revistecas. O ano áureo de 2001 nunca mais se repetiu e o Expresso entrou em decadência, nomeadamente a nível editorial: secretárias e estafetas foram nomeados para a direcção e para as editorias, o director que substituiu Saraiva - ainda antes de se falar no Sol - começou o fazer jornalismo à "moda antiga": aos gritos! Ainda por cima sujeitando os subordinados ao exibicionismo sempre que recebia um telemóvel novo, um carro novo ou vindo para fora do seu gabinete falar em voz alta sempre que lhe ligavam do estrangeiro para toda a gente ouvir! Apesar de tudo, o Expresso tem sorte: agora já não caem as notícias nas mesas dos jornalistas, mas o leitor também deixou de ser tão exigente! E um jornal até se pode fazer com artigos de opinião, de preferência sempre dos mesmos para não correr riscos, em especial por Miguel Sousa Tavares, que por contar histórias da odisseia que é levar os filhos ao colégio do Restelo ganha mais que todos os estagiários e recibos verdes juntos! Mas o Expresso já não existe: está confinado ao último andar de um edifício espelhado - impróprio para um país quente como Portugal - partilha os recursos humanos, a contabilidade, a informática, a produção, o grafismo, etc, com a Telenovelas, com a Caras, com a Activa, com a TV Mais... e mais recentemente foram chutados os últimos 18 moicanos que ainda lá restavam! Bom, fico-me por aqui porque as histórias que sei davam para fazer um livro!!! Mas sem ressentimentos, claro! Quem é quer trabalhar em Paço d' Arcos, onde nem há sítio para tomar um café?
:) Alex...fizeste-me deitar uma lágrima. Compreendo-te sem ter vivido o que tu viveste. Se o meu «pai» do Jornalismo (Carlos Pinto Coelho)aqui estivesse entre nós, iria dar-lhe um grande abraço. É que ele, tal como, tu sabia muito bem o que acabas aqui de descrever. Um beijinho grande e nunca deixes de acreditar em ti.
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O afastamento de Joaquim Vieira de nº 2 do jornal - talvez o melhor jornalista nos últimos anos em Portugal - em 1993 por ele se ter negado a omitir factos numa notícia sobre o então recém-chegado a Portugal Joe Berardo, foi o primeiro indício da falta de isenção do Expresso e da interferência da administração na redacção, nomeadamente depois com a nomeação da nova e alargada direcção: José António Lima, que tinha vindo dos desks, Henrique Monteiro e Fernando Madrinha, idos do DN, e Nicolau Santos, por imposição de Pinto Balsemão, deram o mote para uma direcção que se manteria muitos anos mas que amoleceu deixando que se cometesse o maior erro de sempre no grupo de Balsemão: deixar o jornal sair de Lisboa para os subúrbios dos subúrbios e para o meio de uma amálgama de revistas e revistecas. O ano áureo de 2001 nunca mais se repetiu e o Expresso entrou em decadência, nomeadamente a nível editorial: secretárias e estafetas foram nomeados para a direcção e para as editorias, o director que substituiu Saraiva - ainda antes de se falar no Sol - começou o fazer jornalismo à "moda antiga": aos gritos! Ainda por cima sujeitando os subordinados ao exibicionismo sempre que recebia um telemóvel novo, um carro novo ou vindo para fora do seu gabinete falar em voz alta sempre que lhe ligavam do estrangeiro para toda a gente ouvir!
Apesar de tudo, o Expresso tem sorte: agora já não caem as notícias nas mesas dos jornalistas, mas o leitor também deixou de ser tão exigente! E um jornal até se pode fazer com artigos de opinião, de preferência sempre dos mesmos para não correr riscos, em especial por Miguel Sousa Tavares, que por contar histórias da odisseia que é levar os filhos ao colégio do Restelo ganha mais que todos os estagiários e recibos verdes juntos!
Mas o Expresso já não existe: está confinado ao último andar de um edifício espelhado - impróprio para um país quente como Portugal - partilha os recursos humanos, a contabilidade, a informática, a produção, o grafismo, etc, com a Telenovelas, com a Caras, com a Activa, com a TV Mais... e mais recentemente foram chutados os últimos 18 moicanos que ainda lá restavam!
Bom, fico-me por aqui porque as histórias que sei davam para fazer um livro!!! Mas sem ressentimentos, claro! Quem é quer trabalhar em Paço d' Arcos, onde nem há sítio para tomar um café?