O Jornalismo e o Facebook


O mundo da comunicação há muito que mudou. A forma como hoje nos relacionamos também. Há muito que alerto todos à minha volta para os perigos das redes socais e do que ali se publica. Serve isto para dizer que o que acabo de ler num grupo de Jornalistas criado no Facebook para mim não é nada estranho, ao contrário da maioria dos meus colegas. E a revolta dos meus camaradas dá-se porque o DN publicou um comentário da jornalista Joana Latino, da SIC, numa notícia sobre alegados aumentos de subsídios aos pivots da estação de Carnaxide. As jornalistas do DN não falaram com Joana Latino. E a revolta do grupo de Jornalistas do FB, do qual faço parte, surge, porque consideram que tais comentários, de um grupo privado, de uma REDE SOCIAL PÚBLICA, não deviam ter sido publicados. A questão que coloco é só uma: mas ainda não perceberam que estão numa REDE SOCIAL? E que tudo o que figuras públicas lá escrevem são passíveis de ser NOTÍCIA? O conceito de notícia há muito que mudou, tristemente. Hoje, muito do jornalismo que por cá se faz é tudo menos jornalismo. Escrevem-se umas linhas a partir de informação de blogues, de páginas pessoais, das redes sociais, sem o mínimo trabalho de investigação, de terreno. Temo que a internet e as redes sociais transformem os humanos e muitas profissões em meras máquinas solitárias. Ainda há tempo para não nos deixarmos ser manipulados e comandados pela Internet. Basta querer.

Comentários

João Barbosa disse…
esse argumento da rede social ser pública não pega. as casas são privadas e estão na via pública.
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o que mudou e, pelos vistos não sabe, são princípios éticos e deontológicos.
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o não respeito do princípio da confrontação da informação com o seu autor não é um dever.
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além da Joana Latino (que não conheço) não ser uma figura pública.
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o que revela com este disparate que escreveu é não saber o que são questões éticas, deontológicas e jornalismo. confunde jornalismo com conversas tidas escadas, ao nível da quadrilhice de porteiras (com o devido respeito pela profissão das senhoras).
Ana Clara disse…
Lamento termos aqui posições opostas. Respeito a sua. Ainda assim, continuo a ter a minha em relação à forma como hoje se faz jornalismo e no modo como os jornalistas se expõem nas redes sociais. Quantas e quantas vezes foram notícia excertos daquilo que muitos escrevem nelas? Só coloquei o termo «figura pública» no sentido geral da coisa, obviamente que a Joana não é figura pública, termo aliás que tem muito que se lhe diga. O que digo, é que os limites há muito que foram ultrapassados e o bom senso, que devia imperar, pelos vistos também já não existe.
Ana Clara disse…
«Por mim garanto: quem quiser utilizar jornalisticamente o que eu aqui escrevo está completa e absolutamente à vontade. Se aqui escrevo é sabendo que este espaço é público, partilhado por centenas de pessoas, a maior parte das quais jornalistas. Escrevendo eu num espaço público sujeito-me às contingências; e francamente não entendo quem escreve em espaços públicos mas depois fica muito escandalizado por ser citado. Quem anda à chuva molha-se». João Pedro Henriques, no mesmo grupo, do FB. Afinal não devo ser apenas eu a única jornalista a dizer disparates.

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