Absentismo no Estado


Cerca de seis mil dias de ausência ao trabalho foi quanto contabilizaram, no ano passado, as três principais direcções regionais de educação, que empregam 750 pessoas. Mais um exemplo do laxismo que vai no seio da Função Pública.

Comentários

ana paula disse…
6 mil dias são muitos dias mas há muita gente que esteve realmente doente e muita gente que terá tido a infelicidade(?) de ser mãe. As licenças de parto contam para o absentismo, sabia?
A divulgação desta notícia assim a seco é desrespeitadora daqueles que sofrem, dos médicos que passam os atestados e de todas as mães.
Se alguém colocasse em causa a honra profissinal dos srs. jornalistas caia o carmo e a trindade, mas nos médicos pode-se bater à vontade porque são uns privilegiados e dá jeito apontar inimigos para acalmar o povo descontente.
Esta noticia serve para preparar o povo para que lhes tirem o direito de estarem doentes e de terem filhos. Deve ser isso o estilo dos novos contratos de trabalho de Passos coelho: estas doente? Já para a rua! Estas gravida? Já para a rua.
Nao sou funcionaria publica mas sei que é graças aos funcionarios publicos e as suas lutas que o pessoal do privado consegue tambem obter alguns direitos.
Para quem é que convem dividir os trabalhadores? Quem é que vai ganhar com as classes trabalhadoras a lutarem entre si?
Ana Clara disse…
Ninguém colocou em causa aqui a honra profissional dos funcionários públicos, Ana, nem as baixas nem licenças de maternidade que são plenas de direito. Mas sabemos bem o quanto na FP o laxismo é gritante. Quer um exemplo recente? Na Segurança Social de Vagos, três funcionários - os únicos, por sinal - meteram todos férias na mesma altura. Durante um mês os cidadãos têm de deslocar-se a Ílhavo, o centro de emprego mais próximo para tratar de assuntos urgentes e obrigatórios, como apresentações periódicas no caso de subsídios de desemprego. . . São esses os casos que aqui se critica. Mais nada.
ana paula disse…
As férias não contam para o cálculo do absentismo. E em todos os serviços públicos os mapas de férias têm de estar encerrados em Abril de cada ano e são depois aprovados pelo superior, que é sempre alguém nomeado politicamente.
Não conhecia o caso de Vagos e lamento muito isso mas não tem nada a ver com absentismo e também não se pode tomar uma parte pelo todo para justificar que todos os funcionários públicos são de um«laxismo gritante».
Talvez a Ana só conheça o ambiente dos ministérios e dos seus assessores políticos ou de algumas repartições chefiadas por boys incompetentes.
Mas se é tão bom ser funcionario publico, se lá se ganha bem e não se faz nada, bem podia concorrer por exemplo para a GNR onde há imensa falta de pessoal. Ou para coveira de um cemitério, porque ninguém quer ir abrir valas de 3 metros com uma pá e juntar ossos. Ou ir para lixeira, para ir pendurada atrás do carro do lixo, toda a noite, à chuva e ao frio, a despejar caixotes. São todos uns ricaços que não fazem nada. E depois ainda tem a pouca vergonha de não quererem ir trabalhar quando estão doentes, preferindo meter uma baixa.
Devia ser como na América não acha? Basta a palavra do patrão e o empregado é despedido sem justa causa naquele mesmo minuto.
Gelo disse…
Bom, tirando o facto dos médicos serem uns verdadeiros privilegiados e serem também parte do grupo dos maiores responsáveis pela agonia do Serviço Nacional de Saúde e, alguns, passarem baixas fraudulentas, não deixa de ser verdade que seis mil dias de baixa num ano até pode não ser muito significativo nas DREs dado que imagino tratar-se de um local onde trabalhem muitas mulheres, caso em que as baixas de parto poderiam ter algum significado (as assistências à família também).

Agora, há alguns comentários interessantes da Dª Ana Paula que eu gostava também de comentar. O primeiro diz respeito aos jornalistas; é que os jornalistas são uma classe com os mesmos defeitos das restantes. São corporativistas e quando se sentem atacados defendem-se uns aos outros, com uma diferença: há sempre vozes dissonantes que não têm um corporativismo unanimista. Além disso, o único aspecto, que me lembre, onde o corporativismo jornalístico se manifesta decorre quando alguém publica uma notícia e se discute se deveria ou não ter sido publicada, o famoso "direito de expressão". Já as restantes corporações apenas se preocupam com os temas económicos e dos respectivos direitos adquiridos.

O segundo comentário serve apenas para realçar a seguinte expressão: "Para quem é que convem dividir os trabalhadores? Quem é que vai ganhar com as classes trabalhadoras a lutarem entre si?"
Em primeiro lugar, este comunismo requentado não tem expressão nos dias de hoje. Ninguém quer "dividir as classes trabalhadoras". Aliás, quem o está a fazer é a senhora ao afirmar que existem classes e, existindo, está a divisão feita. Quanto ao "lutarem entre si", é outro absurdo porque as classes não lutam umas contra as outras, os médicos não lutam contra as polícias e estas não lutam contra os jornalistas... Quando há tricas, essas respeitam habitualmente a lutas de poder dentro de cada classe.

Voltando ao tema da função pública, o que se pretende não é dividir os trabalhadores, sabe? É dividir os trabalhadores dos restantes, dos que não trabalham e são subsidiados para fingir que trabalham. E isso, observei-o eu pessoalmente nos mais variados ministérios, institutos e serviços públicos ao longo de dez anos: por cada trabalhador competente há um outro que não faz nada.

Um último reparo: ganhar muito ou pouco não tem necessariamente a ver com o valor que se leva para casa no final do mês, mas com o trabalho, com a responsabilidade que se tem e com a participação que se tem no atingimento dos objectivos da organização onde se trabalha. Se alguém ganhar o salário mínimo e não fizer nada, está a ganhar muito.