Coerência política, precisa-se!

«Hoje não é um dia feliz para a qualidade da nossa democracia. Digo-o com tristeza. Um deputado à Assembleia da República renunciou ao seu mandato menos de um mês depois da sua eleição pelo povo português - mais um contributo para o afastamento entre as pessoas e a política. O novo ciclo pretende ser uma nova forma de fazer política: com ética e com transparência». A frase é do candidato à liderança do PS, António José Seguro, no seu mural do Facebook, e refere-se a Fernando Nobre, independente eleito nas listas do PSD. Obviamente que Nobre fez bem em abdicar. Mas para António José Seguro - um político com quem sempre simpatizei - só tenho uma pergunta: e José Sócrates, abdicou do lugar de deputado, para o qual foi eleito, nem sequer um dia tinha passado após conhecidos os resultados eleitorais de 5 de Junho, foi transparente? Coerência, precisa-se em política, e é precisamente o que mais rareia cá pelo burgo.

Comentários

Anónimo disse…
obviamente, o demagogo Nobre só queria o tacho com que contou no cu da galinha e como o tacho não conseguiu mostrou a cepa de que é feito ressabiado por lhe terem explicado que os lugares são para eleitos e não para predestinados. Comparar com o caso do Sócrates (que nas eleições corria para PM) é misturar alhos com bogalhos.
Gelo disse…
Não se trata de misturar alhos com bogalhos. E chamar demagogo ao Nobre no mesmo texto em que se fala de Sócrates e esquecer de alargar o adjectivo demonstra ligeireza de pensamento. São duas situações idênticas, ainda que com fundamentos diferentes.

Para além disso, a conversa do tacho não faz sentido. Tacho teria ele se ficasse por lá sem fazer nada.

Nobre, que muito critiquei e que foi a maior desilusão da campanha, acabou por ter a única atitude digna que lhe restava - sair do hemiciclo. Pelo menos assim sai sem que o possam acusar de querer o tacho da reforma, contrariamente à maioria dos outros bandidos, desocupados, afilhados e restantes deputados que se sentaram à sua direita e à sua esquerda no dia da rejeição. Talvez assim tenha demonstrado que apenas lhe interessava poder dar um contributo válido para o país e não ganhar calo no cú e, no dia da votação, ao perceber que lhe caberia apenas o papel de chimpanzé amestrado, daqueles que levantam a mãozinha com os da sua côr quando é preciso, disse não. Apesar da sua inabilidade política gritante, acaba por ser um homenzinho quando comparado com os outros trastes que por lá navegam ao sabor dos seus interesses particulares.

Sócrates também fez o que tinha a fazer. Qualquer político que perde as eleições da forma que Sócrates perdeu estas deveria perceber que o povo já não o aceita como líder. Mesmo que ainda tenha uma votação significativa. Por outro lado, quer Sócrates quer o PS precisavam de uma lufada de ar fresco. O PS para poder lutar sem estar completamente amordaçado, Sócrates para descansar uns anitos para depois tentar a presidência da República... Saiu também com a dignidade possível e a que conseguiu criar com a sua excelente máquina propagandista.
Anónimo disse…
Amigo gelo,para ter direito a reforma teria que por lá andar 12 anos,estarei enganado?Para falar com sinceridade ele a mim nunca me enganou,mas enganou duas amigas minhas,e uma delas na hora da revolta foi das centenas que foram descarregar a sua revolta no site dele,e têm mais deixou lá tudinho para ele saber quem ela era,nada foi anónimo,que mulher de garra ela é,têm a revolta no sangue(o pai conhecer as prisões do Salazar)
Fernanda Mendes disse…
O Socrates não foi o problema do país durante 6 anos? Não foi julgado? Saiu de cena. Ponto! Ele sim, foi coerente! Não há comparação.
Ana Clara disse…
No caso acho que foram os dois coerentes...o problema aqui é mesmo a incoerência de Seguro, que a mim, muito me espanta... :)
Anónimo disse…
Se derem tempo a um político é certo que ele se vai contradizer... por isso talvez não devamos procurar coerência nesse palheiro.
Gelo