Que se abram as sepulturas, estamos prontos para elas!

Chocada. Assim fiquei quando vi a notícia - a primeira vinda do ministério da Saúde de Passos Coelho - dada em primeira mão pelo ministro Paulo de Macedo sobre a avaliação de excesso de oferta respeitante às urgências hospitalares. Diz o ministro que não se trata de «fechar por fechar» mas sim que o que está em causa «é o excesso de oferta» pública. Segundo o que sabemos, Lisboa, Porto e Coimbra são as áreas metropolitanas onde essa oferta existe em demasia. Porém, conhecemos bem a forma de cortar vinda do homem que revolucionou o Fisco. Temo que o Interior seja afectado. Receio bem que muitas populações fiquem sem um serviço de urgência à porta de casa. É ridículo falar em excesso de oferta pública quando a esmagadora maioria da população não tem capacidade para recorrer ao privado. O que temíamos, está prestes a acontecer. Cortes cegos e insensíveis para resolver o monstro do défice do Serviço Nacional de Saúde. O povo morre à fome, sem emprego e sem cuidados de saúde. Não importa, pensam os senhores 'Troikianos' e o Governo liberal na cadeira do poder em Portugal. O Presidente da República aplaude a partir do trono de Belém. Sócrates deve estar a sorrir em Paris. Cada um de nós que se aguente. O país afundou. Esperemos que hajam cemitérios suficientes para «enterrar» tantos mortos.

Comentários

carlos disse…
A Europa - mãe do humanismo - está a naufragar no delírio do quantitativo. Só existe o que tem expressão numérica.
Acabaram-se os filósofos, logo também os geómetras, e a nova elite é composta pelo mandarinato calculista, orgulhoso da sua ágnoia.
A treva envolve-nos, crendo-se como a nova luz dos arrivistas.
Pedro A. disse…
As urgências não é um tema emocional, nem de proximidade.
É um tema objectivo de organização de prof. de saúde, de forma a aumentar ao máximo a saúde duma população dentro da restrição de recursos necessariamente limitados.

O pior que pode acontecer é ter urgências não funcionais para dar uma sensação de segurança, e enganar todos: os que lá vão e os que lá trabalham. Até porque mais vale uma ambulância bem equipada que um SAP que nem ecografo tem. (por ex)

Temos pena, mas é um tema técnico, por isso temos de aceitar a opinião dos técnicos. Foi assim que baixámos a mortalidade infantil, e é assim que vamos melhorar o atendimento aos doentes,