Desabafo de uma jornalista anti-classe

É quase pornográfico o conceito jornalístico deste país, onde o profissionalismo está cada vez mais longe da evolução que os «pais» desta escola nos ensinaram. Começa a ser gritante a máxima instituída há muitos anos - e cada vez mais recorrente - de que a notícia «é o cão que mordeu o homem» e não o contrário. É fácil encontrar, diariamente, em todos os jornais, rádios e televisões notícias - que não passam de fait divers - sobre comentários de personalidades públicas nas redes sociais. O Facebook é a «fonte» mais utilizada. Nas últimas horas, passou por tudo quanto é website de imprensa, a opinião de Carlos Abreu Amorim, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, em que este criticava as declarações do ministro Álvaro Santos Pereira a propósito do TGV. Notícia em tudo quanto é jornal, rádio e televisão. Mas onde é que está o facto novo? No caso de Abreu Amorim, quem o conhece - e eu posso falar porque o conheço há anos -, não entendo onde está a dúvida. Sempre foi frontal, directo e sem papas na língua. Fosse com quem fosse. Mas estavam à espera que ele mudasse assim que fosse eleito e só porque integra o partido que está no Governo? Mais. A opinião é coisa que os políticos, deputados e dirigentes não podem ter, sobretudo, aquela que contraria ou critica as organizações de que se faz parte. E episódios semelhantes acontecem, em catadupa, todos os dias. Há muito tempo. Há demasiado tempo. O Jornalismo retrocedeu muito nas últimas décadas. E mais dia menos dia, ou há uma reciclagem, ou caímos mesmo na choldra. Vivemos tempos em que levantar o rabo da secretária, pegar no telefone ou correr o país, dá trabalho. É preferível ligar a internet e passar os dias nas redes sociais a controlar a vida dos outros, à espera da melhor tirada para escrever uma abertura de secção no dia seguinte. Sou uma anti-classe? Em crescendo e cada vez mais. Ainda continuo fiel aos Carlos's: Pinto Coelho e Santos Pereira. Graças a eles. E a mais ninguém.

Comentários

JAM disse…
A velha arte das parangonas faz-me lembrar o que ainda há tempos me dizia um de director que já não o é: "com o tal, a passar férias no Brasil, o partido dele deixou de dar-nos o título da primeira página". O tal, agora, é ministro. Mas continua, de parangona em parangona, até à gargalhada geral. Preferia o Bordalo e até o "Gaiola Aberta".
C disse…
O Prof. JAM deixa sempre os trunfos da história por contar. Ele sempre gostou muito do esotérico...
Da minha opinião, deixei nota no FB.
Beijocas e um FdS cheio de paz e de sonhos bons.
Ana Clara disse…
Olá Professor! Eu, confesso, também preferia o Rafael, pelo menos era mais genial na arte da sátira! :)

Carlos...o professor José Adelino Maltez, confesso, sem medos nem temores, é dos que mais respeito neste país. Eu sei porquê, ele sabe porquê. Os leitores que leram as entrevistas que lhe fiz também!

beijinhos aos dois.
C disse…
Partilho a tua admiração pelo Professor JAM, e disse o que disse porque, apesar de muitas vezes conseguir descodificar os actores das novelas engraçadíssimas que ele recorda, desta vez não consegui lá chegar...
Que o Espirito Santo lhe dê muita saúde e muitos anos, porque faz muita falta a Portugal (e a mim também).
Anónimo disse…
xiiiiiiiiiiiiii

Que emocionante a visita,do prof Maltez,eu um ex-amante de história,actualmente sou dissidente(a história geralmente está mal contada)a ser verdade o u
único que ainda sou que sou fan,é do Robin dos bosques,o prof adoro nos deixar de agua na boca a tentar decifrar os seus comentários.
Ana Clara disse…
É um estilo diferente e eu gosto de coisas diferentes e com piada! :)

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