Estado criminoso


A manchete do Expresso do passado fim-de-semana parece saída do tempo em que este país vivia à mercê de regimes «fascistas». As escutas telefónicas do Sistema de Informações da República Portuguesa ao jornalista Nuno Simas representam o fim dos direitos que a Constituição do pós-liberdade instituiu. Hoje, ser jornalista em Portugal, é um acto «criminoso» para o Estado, que usa os meios de controlo ao seu dispor, para tudo, menos para o que devia. Criminoso, digo eu, sem medos, é o Estado e os que o lideram.

Comentários

C disse…
O Estado somos todos nós. Criminosos são o político que deu ordem e o funcionário que a cumpriu.
Falar em Estado como uma entidade abstracta é contribuir para que a culpa morra solteira.
É precisamente este tipo de retórica de dissimulação que os governantes usam para, no caso de serem caçados, não serem responsabilizados.
Quem paga os erros cometidos pelos governantes? Não são eles quem tem de pagar indemnizações milionárias nem assumir as dívidas contraídas por incompetência. Quem paga é o Estado - somos todos nós.
Logo, se nos queremos defender enquanto cidadãos desta república, temos de estar sempre do lado do Estado, o que implica ter de ficar quase sempre contra o Governo e os seus mandarins.
O Estado é a garantia da democracia, da liberdade e dos direitos fundamentais. Os ataques contra ele só favorecem aqueles que pugnam pela extinção do Estado ou pela redução do seu poder ao mínimo, deixando o povo e a nação nas mãos dos especuladores, como uma terra sem lei nem xerife, no velho Faroeste.
(E um jornalista tem de ter muiiiito cuidado com as palavras que usa, em especial com os adjectivos, mas também com os substantivos - é a velha história da confusão entre a obra-prima do mestre e a prima do mestre de obras...)

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