A mesquinhez que vem de Moçambique
Marcelino dos Santos, fundador da FRELIMO e membro do Conselho de Estado moçambicano, produziu hoje declarações interessantes. Para ele, porque para o mundo são completamente «mesquinhas» e de uma pobreza intelectual desmedida. Diz o tal senhor, que o colonialismo português teve um «carácter mesquinho» e apelou ao afastamento da cultura portuguesa e à busca de uma identidade própria para Moçambique. Não contente disse ainda que a cultura portuguesa não é «a cultura de Moçambique» e acabou em grande: «Devido a este carácter mesquinho, com medo de chamar a um preto rei, é que eles chamaram régulo, depois de terem inventado que régulo poderia ser chamado de pequeno rei. Portugal, ou a cultura portuguesa, não é a raiz da cultura moçambicana». Quando os complexos históricos e geracionais ainda permanecem como feridas abertas nas mentes de líderes como estes, só lamento que o povo moçambicano esteja à mercê de «loucos» deste calibre.
Comentários
Moçambique nunca deu um tostão de lucro à metrópole e, depois da independência, Portugal ainda viu crescer uma dívida brutal, que viria a ser perdoada, segundo consta, por mercê de uns negócios que envolviam membros do nosso governo de então.
Muitas vezes esteve aquele território em risco, invadido sucessivamente por potências vizinhas e até outras mais distantes. Portugal poderia tê-lo abandonado aquando da I Guerra Mundial, quando foi invadido pelos alemães, em vez de sacrificar o sangue de batalhões de jovens portugueses.
Se o ódio pela cultura portuguesa é assim tão grande, podem começar por eliminar a língua portuguesa (e a de qualquer outro povo dito colonialista) do seu ensino e decidirem assumir a pluralidade de línguas tribais das imensas etnias que vivem naquele extenso território (sem outra coerência dita identitária senão a fronteira traçada no Tratado de Berlim).
POdem achar-me ridículo, mas não consigo levar nada a sério de um país que usa uma metralhadora (por acaso a Kalashnikov) como símbolo nacional.
Com o discurso deste Marcelino, apenas se comprova o pior que se tem dito sobre a competência dos povos "libertados" para tomarem conta do seu destino, depois de terem recebido, grátis, um país com todas as infra-estruturas, escolas, universidades, hospitais, quadros formados, cidades inteiras com habitação desocupada à força e até armamento das nossas Forças Armadas.
Não há paciência para isto nem para a lamúria do colonialismo, 40 anos depois! Durante quantos séculos mais esse pretexto servirá de desculpa para a sua incompetência, ignorância, incultura, corrupção e cleptocracia?
Também já me falta a paciência para estas lágrimas e penas que nos chegam de gente sem dignidade nem carácter.