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Woody «desassossegou-me» à «meia-noite em Paris»!
Ontem troquei a entrevista de Pedro Passos Coelho - pasme-se - pelo Woody. A medo, «Meia Noite em Paris», ao contrário da crítica, traz-nos de novo a arte de Allen. Paris, a cidade que me encantará sempre, a cidade onde aos 17 anos me maravilhei pela primeira vez, o lugar que nos embala a alma. Porque, se de manhã, o sol parisiense nos aclara o pensamento e ao fim da tarde nos abraça, que dizer quando tocam as 12 badaladas na «cidade-luz»? Êxtase completo. Ao soar a última badalada, o sapato de cristal conduz-nos a Eras passadas. Hemingway, Dalí - o meu Dalí, sempre louco e surrealista (como eu) -, Picasso, entre tantos outros génios, e a Belle Époque, ai a Belle Époque, dão-nos a cada esquina e em cada rua de Paris o sonho épico secular. A utopia em que Woody nos vicia é a maravilha do passado. Os loucos anos 20 e 30, os surrealistas, as vanguardas modernistas, quando aquela cidade tinha uma alta densidade de gente cerebralmente estimulante. E a bela noite em que soam as 12 badaladas e nos transporta num Peugeot vintage, onde o casal Fitzerald (Scott e Zelda) levam o protagonista - que somos todos nós - a uma festa de Jean Cocteau, e onde Cole Porter toca ao piano Let's Do It, Let's Fall in Love, o tema que integra o musical da Broadway Paris, de 1928. Não digo mais nada. No meu tempo, nos meus anos 10 do século XXI isto só tem comparação com o «meu» ALA, que me diz não ser «nada». Para os mais cépticos e críticos: esqueçam. Woody dá-nos, em «Meia-Noite em Paris» o verdadeiro desassossego dos génios. Obrigada, Woody! Génio és também tu, criador inato, que, pensava eu, te tinhas perdido com «Vicky Cristina Barcelona», com um tal de Javier Bardem...:) (Os que me conhecem percebem o sorriso). «Nada, Ala?». Nada sou eu que me torno formiguinha perante tudo isto.
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Miguel e Madalena