Álvaro, Álvaro...
«É muito fácil criticar Álvaro Santos Pereira. Não é apenas fácil, é tentador fazer dele o pára-raios das misérias do País e do Governo. Como estratégia de comunicação até é legítimo achar que foi inteligente - ou maquiavélico - escolher um substituto à altura da herança de Manuel Pinho. O novo ministro da Economia talvez não faça uns corninhos no Parlamento, como o outro, mas não é um absurdo antecipar-lhe um desfecho igualmente inofensivo e gratuito. Na verdade, ao fim de três meses é impossível avaliar Álvaro Santos Pereira pela simples razão de que ele está à frente de um mamute governativo sem pés nem cabeça - energia, emprego, obras públicas, transportes, comunicações, trabalho, além de dezenas de dossiers brutalmente complexos. Juntemos a esta boçalidade a inexperiência política, a ausência de conhecimentos sobre a máquina pública e a total falta de rendas para distribuir e chegamos à conclusão de que, se a escolha de Álvaro Santos Pereira para a Economia foi inocente, de certa forma também calhou muitíssimo bem.Todos os dias ele é atirado aos leões e, quando não é empurrado, o próprio avança sozinho sem medir as consequências do que tenta dizer, mas não lhe sai de maneira nenhuma.Esta terça-feira, por exemplo, logo a seguir à apresentação do Orçamento do Estado, podia ter-se circunscrito aos seus aposentos. Não era uma boa altura para ser visto. No entanto, em vez disso, cobriu-se novamente de vergonha com promessas vagas de ajudas inexistentes às empresas. Para quando os apoios?, perguntaram--lhe os repórteres no final de mais um debate. "Nos próximos dias" - disse ele, mastigando as palavras - ... "nas próximas semanas...". Ou seja, nunca, porque simplesmente não há dinheiro, só há cortes, e ele, se ninguém lho disse, já o deveria ter percebido sozinho».
Editorial. Dinheiro Vivo. Por André Macedo.
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