Porque «a Língua não se muda por decreto».

Mais dia, menos dia, tinha de acontecer. Ivo Miguel Barroso é professor assistente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e, diz hoje ao Público, que apresentou queixa na Provedoria de Justiça por considerar que o «novo Português» fere a Constituição da República. Como diz, e muito bem, «a língua não se muda por decreto». 
O argumento deste docente é apenas um, e aos nossos olhos, parece avassalador: a actual Lei Fundamental do país, aprovada em 1976, está escrita na Língua Portuguesa anterior a 1990 - data do Acordo Ortográfico. 
Ou seja, justifica Ivo Barroso, que, «do ponto de vista técnico, uma actualização ortográfica não pode ser feita, sem que haja uma revisão constitucional, segundo as normas do Acordo Ortográfico». Bingo!

P.S. - Sempre me recusei a escrever consoante o novo Acordo Ortográfico. Recuso os ataques que muitos têm tecido aos conservadores da Língua por não se adaptarem às mudanças que a Língua vai sofrendo. Não se trata de adaptações porque, estas, são sempre passíveis de ocorrerem. A Língua, concordo, não é estática, mas este Acordo, tal como está, fere, de morte, a forma como escrevemos. E já não falo das incongruências que arrasta consigo nalgumas normas que, são tidas como universais, mas que, na prática, são incoerentes. Como me disse o Miguel Sousa Tavares um dia destes, «prefiro morrer que escrever assim». E já nem me detenho na forma como o processo foi conduzido. A política a seu dono. E fico-me por aqui. 

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