Desabafo sobre a hipocrisia dos portugueses.
Esta noite, no Telejornal da RTP1, mais uma vez a
Rosário Salgueiro emocionou-me. Numa reportagem sobre a reintegração de
ex-reclusos na sociedade portuguesa, a Rosário mostrou-nos o caso de dois
homens que têm tido sérias dificuldades em encontrar emprego e em serem seres
humanos normais, como todos os outros, na rua, nos transportes, no cinema, enfim, seja
onde for. Dizem-se «recriminados» pelos olhares do mundo em que vivem, sentem
na pele o estigma de uma sociedade que não os aceita e os olha sempre como ‘criminosos’.
Estes homens, de rostos tristes, deixaram-me com os olhos repletos de água. O
estigma que recai sobre estas pessoas é a doença dos pobres de espírito, e a
maioria, vive à nossa volta. Porque muitos que conhecemos, que vivem à nossa
volta, acham que não são preconceituosos, mas desviam-se de uma prostituta se
ela passa no mesmo passeio, olham com desdém para os pedintes que povoam as
entradas do metropolitano e sentem repulsa por todos os que estendem a mão a
pedir uma esmola. A maior pobreza não é aquela que pinta as carteiras, é a
outra, a que domina as mentes de muitos portugueses que se acham melhores e
acima de seres humanos que têm os mesmos direitos que eles. Pronto, desabafei. Obrigada,
Rosário, pelo olhar destes dois homens que me emocionaram.
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